Nesta “Semana do Papa” destaque para a Viagem de Francisco à Suécia a Lund e Malmö para comemorar os 500 anos da Reforma Luterana e também atenção para o Jubileu dos Reclusos neste Ano Santo da Misericórdia.
Caminhar juntos para a reconciliação
Na segunda-feira dia 31 de outubro e na terça-feira dia 1 de novembro o Papa Francisco esteve na Suécia para assinalar a histórica Comemoração Conjunta Luterano-Católica nos 500 anos da Reforma que se celebram em 2017. O Santo Padre esteve em Malmö e Lund 27 anos depois da visita de S. João Paulo II àquele país. Destacamos aqui as palavras de Francisco na Oração Ecuménica em Lund no dia 31:
“Nós católicos e luteranos, começamos a caminhar juntos pela senda da reconciliação. Agora, no contexto da comemoração comum da Reforça de 1517, temos uma nova oportunidade para acolher um percurso comum, que se foi configurando ao longo dos últimos 50 anos no diálogo ecuménico entre a Federação Luterana Mundial e a Igreja Católica. Não podemos resignar-nos com a divisão e o distanciamento que a separação gerou entre nós. Temos a possibilidade de reparar um momento crucial da nossa história, superando controvérsias e mal-entendidos que impediram frequentemente de nos compreendermos uns com os outros”.
“Sem dúvida, a separação foi uma fonte imensa de sofrimentos e incompreensões, mas ao mesmo tempo levou-nos a tomar consciência sinceramente de que sem Ele, nada podemos fazer, dando-nos a possibilidade de compreender melhor a nossa fé. Com gratidão reconhecemos que a Reforma contribuiu para dar maior centralidade à Sagrada Escritura na vida da Igreja. Através da escuta comum da Palavra de Deus nas Escrituras, o diálogo entre a Igreja católica e a Federação Luterana Mundial, cujo cinquentenário celebramos, deu passos importantes.”
Declaração conjunta luterano-católica
Nesta significativa oração ecuménica na Catedral Luterana de Lund foi assinada uma Declaração Conjunta para assinalar a comemoração luterano-católica dos 500 anos da Reforma. Assinaram a Declaração o Papa Francisco e o Presidente da Federação Luterana Mundial, o Reverendo Munib Younan. Uma Declaração introduzida pelas seguintes palavras do Evangelho de S. João: “Permanecei em Mim, que Eu permaneço em vós. Tal como o ramo não pode dar fruto por si mesmo, mas só permanecendo na videira, assim também acontecerá convosco, se não permanecerdes em Mim” (Jo. 15, 4).
Santidade no amor a Deus e aos irmãos
No dia 1 de novembro, último dia da sua visita à Suécia, o Papa Francisco celebrou Missa no Swedbank Stadion de Malmö. Na homilia, centrada na Solenidade de Todos os Santos que se celebrava nesse dia, o Santo Padre recordou os santos, não só os proclamados ao longo da história, mas também os muitos irmãos e irmãs nossos que viveram a vida cristã através de uma existência simples e reservada, entre os quais se contam certamente muitos dos nossos parentes, amigos e conhecidos.
Celebramos, portanto, a festa da santidade – sublinhou Francisco - uma santidade que não se manifesta em grandes obras nem em sucessos extraordinários, mas que sabe viver, fiel e diariamente, as exigências do Batismo:
“Uma santidade feita de amor a Deus e aos irmãos. Amor fiel até ao esquecimento de si mesmo e à entrega total aos outros, como a vida daquelas mães e pais que se sacrificam pelas suas famílias sabendo renunciar de boa vontade, embora nem sempre seja fácil, a tantas coisas, tantos projetos ou programas pessoais”.
A vergonha de salvar bancos e não pessoas
Na tarde de sábado dia 5 de novembro o Papa encontrou-se no Vaticano, na Sala Paulo VI com cerca de 5 mil membros dos Movimentos Populares que vieram a Roma para o seu 3º Encontro Mundial.
Um ponto importante referido por Francisco foi “o drama dos migrantes, dos refugiados e dos deslocados” que o Papa descreveu com uma palavra: “vergonha”. O Santo Padre recordou a sua ida a Lampedusa e à ilha de Lesbos na Grécia onde, nesta última, teve a oportunidade de “ouvir de perto o sofrimento de tantas famílias expulsas da sua terra por motivos económicos ou violências de todo o tipo, multidões exiladas”, que, segundo Francisco acontece “por causa de um sistema socioeconómico injusto” e por causa das “guerras”.
Papa o Papa vê-se nos “olhos das crianças” nos campos de refugiados a “bancarrota da humanidade” pela qual se faz pouco para salvar, mas se for a bancarrota de um banco imediatamente se procura salvar – disse Francisco:
“O que acontece no mundo de hoje que, quando ocorre a bancarrota de um banco, imediatamente aparecem somas escandalosas para salvá-lo, mas quando acontece esta bancarrota da humanidade não existe sequer uma milésima parte para salvar estes irmãos que sofrem tanto? E, assim, o Mediterrâneo transformou-se num cemitério e não somente o Mediterrâneo… tantos cemitérios próximos dos muros, muros manchados de sangue inocente.”
Jubileu dos Reclusos: confiança na reabilitação
Domingo, 6 de novembro, Jubileu dos Reclusos neste Ano Santo da Misericórdia: Francisco logo no início da sua homilia recordou que o Jubileu trás consigo o anúncio da libertação e a esperança é um dom de Deus. “Onde houver uma pessoa que errou ali deve estar mais presente a misericórdia do Pai, para suscitar arrependimento, perdão, reconciliação e paz” – disse o Papa que observou que “a respiração da esperança” não pode ser “sufocada por nada nem ninguém”.
A esperança não se tira, assim, a ninguém – lembrou o Santo Padre – porque indica o caminho “para o futuro”. Na sua homilia Francisco considerou que existe pouca confiança na reabilitação e na reinserção na sociedade”.
Papa pediu amnistia para os reclusos
No Angelus deste domingo, dia 6 de novembro, o Papa Francisco convidou os fiéis a refletirem no “mistério da ressurreição dos mortos” fazendo referência à leitura da liturgia dominical proposta por S. Lucas na qual Jesus reafirma perante os saduceus a verdade da ressurreição.
O Santo Padre sublinhou que “a ressurreição não é apenas o facto de ressuscitar depois da morte, mas é um novo género de vida que já experimentamos hoje”. “A ressurreição é o fundamento da fé cristã” – declarou o Papa.
Após a oração do Angelus, Francisco, por ocasião do Jubileu dos Reclusos, apelou a uma amnistia para os reclusos que sejam considerados idóneos de a receber.
E com o Angelus deste domingo terminamos esta síntese das principais atividades do Santo Padre que foram notícia de 31 de outubro a 6 de novembro. Esta rubrica regressa na próxima semana sempre aqui na RV em língua portuguesa.
(RS)
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