Editorial: Ninguém é excluído


Cidade do Vaticano (RV) - O Ano Santo da Misericórdia está chegando à sua conclusão com dois eventos especiais, muito caros ao Papa Francisco. Neste domingo, na Basílica de São Pedro o “Jubileu dos encarcerados” e no próximo dia 13, o “Jubileu das Pessoas socialmente marginalizadas”. Recordamos que no dia 13 serão também fechadas as Portas Santas em todas as dioceses do mundo em vista da celebração conclusiva no dia 20 de novembro. Os eventos foram apresentados nos dias passados na Sala de Imprensa do Vaticano.

Foram cerca de 20 milhões os peregrinos que passaram pela Porta Santa da Basílica vaticana neste Ano Jubilar. A eles se somarão outras 4 mil pessoas, das quais mais de mil serão detentos provenientes de 12 países do mundo. Assim a Basílica de São Pedro neste domingo se transformará “em uma grande penitenciária”, acolhendo detentos dos cárceres para menores e pessoas em prisão domiciliar. Mas também estarão presentes condenados que chegarão de institutos penais e condenados à prisão perpétua. Não estarão presentes, ao invés, condenados à morte, mas o Papa, – revelou o Presidente do Pontifício Conselho para Promoção da Nova Evangelização, Dom Rino Fisichella – “nestes meses esteve em contato com alguns e chegou a provar, em vão, a salvar um deles da execução”.

Não obteve resposta também o pedido feito por Bergoglio, já na Bula de convocação do Jubileu, quando auspiciava “uma grande anistia, destinada a envolver muitas pessoas que, mesmo merecendo uma pena, todavia, tomaram consciência da injustiça praticada”. Um gesto de abertura que, infelizmente, os governos não acolheram. Mas a Igreja continua ao lado dos detentos que desejam uma reintegração na sociedade. Por isso, todos os bispos do mundo foram convidados a visitar, neste domingo, os cárceres de suas dioceses.

Já aqui no Vaticano, os detentos terão ao seu lado durante a Santa Missa presidida pelo Papa, seus familiares, voluntários, agentes penitenciários. Juntos participarão também do Angelus na Praça São Pedro, mas em um setor a eles reservado e isolado dos demais peregrinos.

O Papa Francisco sempre deu muito importância à situação dos encarcerados. Basta recordar a Santa Missa do lava-pés no Cárcere para menores de Casal del Marmo, aqui em Roma, as visitas aos detentos nos Estados Unidos, na Bolívia, no México. Demonstra-o a própria carta de atuação do programa jubilar onde a porta de cada cela se torna uma Porta da Misericórdia se os detentos que a atravessam, se arrependem e dirigirão o seu pensamento e a oração ao Pai, “porque a misericórdia de Deus é capaz de transformar as grades em experiência de liberdade”.

O Papa Francisco várias vezes usou esta expressão: “Pergunto-me frequentemente, quando visito as prisões, como foi possível isso acontecer a eles, porque também poderia ter acontecido comigo”. Seria esse o sentido de participação ao que poderíamos chamar de ‘o destino da vida das pessoas’. Então, parece que a sua proximidade seja determinada também pelo conhecimento de situações onde muitas vezes a dignidade da pessoa está no limite da suportação.

“Também Deus é um encarcerado, ele não fica fora da cela”. Antes de uma das audiências gerais na Praça São Pedro Francisco abordou o tema da emergência dos cárceres quando se encontrou com participantes do Encontro Nacional de capelães de cárceres italianos. “Também Deus – disse então – é um prisioneiro dos nossos egoísmos, dos nossos sistemas, das tantas injustiças que é fácil “aplicar” para punir os mais fracos, enquanto os “peixes grandes” nadam livremente nas águas”.

Já naquela ocasião disse aos capelães: “por favor, digam a eles que rezo por eles; que os levo no coração. Que possam superar este período difícil da sua vida. Que jamais desanimem e não se fechem”. O Papa olha para essas pessoas com profundo afeto, mas ao mesmo tempo pede uma justiça de esperança e de portas abertas.

O Jubileu deste domingo vem reforçar esse olhar de Francisco pelos últimos da sociedade e recordar que “na vida não devemos nunca nos amedrontar com as quedas, o importante e saber sempre se levantar”. “Deus esquece e cancela sempre os nossos pecados”.

O Papa Francisco está ao lado e caminha com os detentos, não somente com “palavras”, mas com “gestos”. E o Jubileu deste domingo é a demonstração disso; é a demonstração de que o amor de Deus, paterno e materno chega a todos os lugares. (Silvonei José)








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