Simpósio internacional recorda Bento XV, Papa da paz


Cidade do Vaticano (RV) - Bento XV, no tempo da I Guerra Mundial, buscou de todas as formas fazer cessar o conflito que mudou para sempre o rosto do Velho Continente. Foi um profeta, e como habitualmente acontece com os profetas, não foi ouvido.

Teve início esta quinta-feira (03/11), em Bolonha – norte da Itália –, o Simpósio internacional sobre o Papa Giacomo della Chiesa (Bento XV 1914 – 1922). Estudiosos e especialistas refletirão e debaterão durante três dias sobre o Papa da paz.

Promovidos, entre outros, pelas dioceses de Bolonha e de Gênova e pela Fundação para as ciências religiosas “João XXXI”, os trabalhos foram abertos pelo cardeal secretário de Estado, Pietro Parolin.

I Guerra Mundial: "tragédia inútil" e "suicídio da Europa"

Os grandes esforços de Bento XV, que recorria às chancelarias da Europa com a nova e inédita realidade da diplomacia vaticana, não evitaram o que ele mesmo chamou de “tragédia inútil” e “suicídio da Europa”.

Dez milhões de pessoas perderam a vida no conflito e uma quantidade ainda maior, sobretudo entre civis, sofreu a fome, privações e doenças. O Cardeal Parolin recordou a figura de Bento XV.

“Um Papa que foi diplomático no sentido mais alto do termo, afirmando com as palavras próprias de uma atividade delicada a solicitude pelo homem real e a vida concreta das comunidades civis e religiosas.”

Promover a paz, parte essencial da missão da Igreja

“Ao mesmo tempo, foi um Papa que experimentou concretamente que promover a paz não é algo extrínseco à missão da Igreja, mas parte essencial de sua missão diante da história e do Evangelho. No Papa Bento XV isso era um estilo.”

Bento XV escrevia em 1914: “A sabedoria cristã é aquilo que garante a tranquilidade e a estabilidade nas instituições”. Foi o que citou, por sua vez, o presidente da Conferência Episcopal Italiana (CEI), Cardeal Angelo Bagnasco, que reiterou a mensagem ainda atual, deste Pontífice, para a Europa.

“Um povo sem alma de ordem espiritual não consegue ser um povo, ou seja, uma comunidade de vida e de destino, mas será um conglomerado de indivíduos, ou mesmo de Estados.”

E a propósito da situação internacional de hoje, o presidente dos bispos italianos acrescentou:

“As prementes palavras de Bento XV sobre o tema da paz encontram verdadeira ressonância e aprofundamento nas palavras do Papa Francisco. E infelizmente devemos dizer que ainda hoje precisamos tantos dessas palavras, mesmo em circunstâncias e numa situação histórica fortemente diferentes, porém, com preocupações que são muito análogas.”

Bento XV fez sua parte até o fim

Sua imensa obra, inclusive com a “Carta aos líderes das nações beligerantes”, datada em 1º de agosto de 1917, aos olhos do mundo parece um falimento. “Mas ele, mais do que os outros, pediu a Deus a sabedoria do coração para poder enxergar a história com os olhos das vítimas.” E fez a sua parte até o fim, também no âmbito caritativo, disse o bispo de Bolonha, Dom Matteo Zuppi.

“Estar ‘acima das partes’ não significa não dizer nada para evitar desagradar ou possíveis equívocos. É preciso ser determinados, e Bento XV nos ensina isso:

“Atores livres, que de modo inequívoco, mesmo a custo de reações – e ele suscitou muitas –, assumem com inteligência, com capacidade, a parte da paz, do diálogo, da consciência dos problemas, justamente porque partícipes e interessados somente pelo bem comum do homem e da única casa comum que a guerra coloca em perigo e destrói.” (RL)








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