Assemblea da RENATE sobre tráfico humano em Roma


Cidade do Vaticano (RV) -  “Para combater com eficácia este câncer de nosso século, é necessário enfrentar com decisão o problema dos clientes, promulgar a lei que os puna”. É o que defende a Irmã Monica Chikwe, religiosa empenhada na luta contra o tráfico de pessoas, e que pronunciou-se no final da manhã desta sexta-feira no briefing organizado na Sala de Imprensa da Santa Sé, por ocasião da apresentação da II Assembleia da RENATE (Religious in Europe Networking Against Trafficking and exploitation).

A Assembleia da RENATE intitulada “Endings traffickin begins with us”, terá lugar em Roma de 6 a 12 de novembro do corrente.

“Se não existissem os consumidores, isto é, os clientes, os traficantes secariam como erva no deserto, porque ninguém compraria os seus produtos, portanto, também, eles mudariam de atividade. Assim, concluo dizendo que se cessasse a demanda, automaticamente acabaria o tráfico de seres humanos com fins sexuais. Nenhuma demanda, nenhuma oferta – No demand, no supply”, afirma religiosa.

“Na Sagrada Escritura – conta a religiosa – os fariseus apresentam a Jesus uma mulher pega em flagrante adultério, e que, segundo a lei, deve morrer. Me pergunto: se Maria Madalena é em flagrante adultério, onde está o homem? Também hoje, quando se fala do tráfico de seres humanos para exploração sexual, se ignora o fator que alimenta fortemente este fenômeno e se foca sempre na mulher, denominada vítima”.

“Sim, é verdade – continuou Irmã Monica -  é vítima da paixão do homem: a mulher não se prostitui sozinha, mas por trás de cada prostituta existem dezenas e dezenas de homens que a usam e a jogam fora. No âmbito deste fenômenos da escravidão moderna, o cliente permanece um fator determinante, é aquele que sustenta o andamento do mercado, porque a demanda está em contínuo aumento, de modo embaraçante. Os traficantes usam todos  os meios e as estratégias possíveis para atender a tal demanda. Neste contexto, a lei de mercado é perfeitamente aplicável”.

“A pergunta permanece: quem é o cliente? Como pode der reconhecido? A que classe social pertence? Que idade tem? Certamente os clientes não são pessoas sem teto, porque uma prostituta não os aceitaria; não são nem mesmo portadores de necessidades mentais ou físicas, pois não teriam dinheiro para pagar pelo serviço”, observa a religiosa.

“Os clientes – diz ela – são homens de bem, pais de família, empregados, elegantemente vestidos com  gravata e também jovens de 18 anos. O cliente, neste fenômeno, não conhece classe social, idade. Por exemplo, para fazer um despeito à prostituta, um grupo de jovens entra no carro e vai até a Via Salaria, chega e estaciona. Um deles, descendo do carro, vê o carro de seu pai e fica chocado porque ver o pai com uma prostituta é um choque não indiferente para um filho”.

“Tantos matrimônios – considera ainda Irmã Monica -  hoje acabam mal precisamente porque o homem gasta para pagar serviços sexuais com prostitutas, com  aquilo que a sua família usaria para pagar as contas. E depois que usou a prostituta, sua mulher em casa não tem mais valor. Assim o amor diminui inexoravelmente até desaparecer totalmente e pode-se chegar até mesmo a eliminar a mulher. Isto explica o porquê de tantos feminicídios que assistimos a cada dia”.

“Outro exemplo – contou a religiosa – um dia um empregado sai pela rua com uma prostitua para um serviço. Enquanto estão juntos, toca o celular: é sua mulher, que chama para saber quando o marido volta para casa. O homem responde: “Estou ainda no escritório, hoje tenho tanto trabalho para fazer, assim que eu acabar te chamo”. Então a prostituta diz pro homem: “Que amor tens pela tua mulher? Ela expressa tanto amor por ti e tu diz a ela tantas mentiras”.

Estavam presentes no encontro, além da Irmã Chikwe, que falou do fenômeno do mercado do tráfico, a Irmã  Imelda Poole, IBVM, Presidente da RENATE Network, que falou sobre a propagação do fenômeno do tráfico e a Sra. Ivonne Vandekar, que expôs o funcionamento da rede RENATE.

Os jornalistas presentes puderam assistir ao seguinte vídeo:








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