Pe. Majewski: presença do Papa em Lund entre fé e penitência


Lund (RV) - Concluiu-se, nesta terça-feira (1º/11), a viagem do Papa Francisco à Suécia. Na cidade de Lund, a Igreja Luterana iniciou as celebrações para os 500 anos da Reforma Protestante. 

A nossa emissora entrevistou o Diretor dos Programas da Rádio Vaticano, Pe. Andrea Majewski, que acompanhou o Papa em sua 17ª viagem apostólica internacional. 

Pe. Majewski: “A presença do Papa certamente influenciou o estilo das celebrações em Lund e Malmö. Não somente festa, mas também penitência, sobretudo a liturgia na Catedral de Lund se caracterizou por esses dois elementos: festa e penitência; mas festa e penitência celebradas juntas. Festa, porque também a Igreja Católica reconheceu os dons de Lutero para todos, como, por exemplo, a valorização grande da Sagrada Escritura, também através de traduções em várias línguas. Pode-se dizer que Lutero colocou a Bíblia nas mãos das pessoas. Penitência pela dor da desunião e depois vergonha por séculos de conflitos, acusações, e às vezes, também atos violentos que não tinham nada a ver com o espírito do Evangelho. Mas há também um terceiro elemento: o testemunho comum que foi a última palavra proferida por luteranos e católicos juntos, sobretudo durante o encontro ecumênico na Arena de Malmö. Tanto católicos quanto luteranos dão um testemunho concreto de fé, trabalhando a favor das populações da Síria, Burundi, Sudão do Sul, Colômbia e Índia. Citei alguns países que foram evidenciados no encontro. A Igreja procura dar uma resposta comum às perguntas, medos e anseios do mundo globalizado, envolvendo todos os fiéis.”

Algum momento particular?

Pe. Majewski: “Alguns momentos ficaram impressos na minha memória. O primeiro é a oração do Pai Nosso na Catedral de Lund, proferida ao mesmo tempo, cada um em sua própria língua. Não se entendiam as palavras, mas havia a sensação de que realmente estavam rezando juntos. Depois, alguns trechos da homilia do secretário da Federação Luterana Mundial, que manifestou o desejo ainda tímido de poder celebrar juntos um dia a Eucaristia. Outra coisa que chamou a minha atenção foi a presença de muitas pessoas ao longo das estradas por onde o Papa passou. Na Arena de Malmö, onde se reuniram muitos jovens luteranos, se sentiam frases como “Viva o Papa”, Viva o Papa Francisco”... A espontaneidade dessas vozes me fez pensar que talvez está chegando uma nova geração que não se sente mais sobrecarregada pelas incompreensões do passado.”

Que mensagem o Papa deixou para a pequena comunidade católica sueca no Estádio de Malmö?

Pe. Majewski: “Falando das bem-aventuranças, o Papa recordou a figura dos mansos. Geralmente, o Papa Francisco evidencia os pobres, aqueles que têm fome e sede de justiça, e neste Ano Santo, os misericordiosos. Aqui, na Suécia, durante a sua viagem ecumênica, que recorda os 500 anos da Reforma Luterana. O Papa quis falar aos católicos de uma bem-aventurança particular de Jesus dirigida aos mansos: ‘Os santos’, disse, ‘obtém mudanças graças à mansidão do coração’. E acrescentou: ‘Trata-se do comportamento de quem não tem nada a perder, porque a sua única riqueza é Deus’. Eu penso: Talvez esta seja a chave justa de interpretação dos eventos que vivemos na Suécia.” 

(MJ)








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