Reflexão dominical: o olhar de Jesus toca o coração de Zaqueu


Cidade do Vaticano (RV) - «A liturgia deste domingo convida-nos a contemplar o quadro do amor de Deus. Apresenta-nos um Deus que ama todos os seus filhos sem excluir ninguém, nem sequer os pecadores, os maus, os marginais, os “impuros”; e mostra como só o amor é transformador e revivificador.

Na primeira leitura um “sábio” de Israel explica a “moderação” com que Deus tratou os opressores egípcios. Essa moderação explica-se por uma lógica de amor: esse Deus omnipotente, que criou tudo, ama com amor de Pai cada ser que saiu das suas mãos – mesmo os egípcios – porque todos são seus filhos.

A segunda leitura faz referência ao amor de Deus, pondo em relevo o seu papel na salvação do homem: d’Ele parte o chamamento inicial à salvação; Ele acompanha com amor a caminhada diária do homem; Ele dá-lhe, no final da caminhada, a vida plena… Além disso, avisa os fiéis para que não se deixem manipular por fantasias de fanáticos que aparecem, por vezes, a perturbar o caminho normal do cristão.

O Evangelho apresenta a história de um homem pecador, marginalizado e desprezado pelos seus concidadãos, chamado Zaqueu, que se encontrou com Jesus e seu amor… Convidado a sentar-se à mesa do “Reino”, esse homem egoísta e mau deixou-se transformar pelo amor de Deus e tornou-se um homem generoso, capaz de partilhar os seus bens e de se comover com a sorte dos pequenos.

O episódio de hoje acontece em Jericó, um oásis situado às margens do mar Morto, a 34 km de Jerusalém. Era a última etapa dos peregrinos que se dirigiam a Jerusalém para celebrar as grandes festividades judaicas.

No tempo de Jesus, Jericó era uma cidade próspera – sobretudo por causa da produção de bálsamo - dotada de grandes e belos jardins e palácios: Herodes, o Grande, fez de Jericó a sua residência invernal. Era situada em um lugar privilegiado e importante da rota comercial.

O personagem que se defronta com Jesus é, mais uma vez, um Publicano, neste caso, um “chefe dos publicanos”, Zaqueu. Era, portanto, um homem que o judaísmo da época considerava um pecador público, um explorador dos pobres, um colaboracionista a serviço dos opressores romanos; logo, um excluído da comunidade salvífica.

O centro da narração evangélica deste domingo é a questão da universalidade do amor de Deus. Deus ama todos os seus filhos sem exceção e tampouco exclui os “impuros”, os pecadores públicos. Aliás, é por eles que manifesta uma especial predileção. Seu amor não é condicional: Ele ama, apesar do pecado! É um amor desmedido, que provoca a conversão do pecador.

A história de Zaqueu é uma história de olhares… O olhar de Zaqueu visava descobrir a pessoa de Jesus; o olhar de Jesus é um olhar de amor: ergueu os olhos e viu Zaqueu… Enfim, o olhar da multidão, que recriminava Jesus por ir à casa de um pecador.

Três olhares bem diferentes uns dos outros! O olhar é uma linguagem que vai para além da palavra. Os nossos olhares falam muito mais alto que a nossa oratória. As palavras podem errar, mas os olhares não.

O olhar de Jesus para Zaqueu não foi um olhar de reprovação de um homem rejeitado pela sociedade. Jesus viu um homem que não tinha ainda compreendido o amor de Deus. Apesar dos pecados de Zaqueu, o publicano, Jesus o olhou com amor que o transformou... o salvou!»

(Reflexão do Padre Cesar Augusto dos Santos para o XXXI Domingo do Tempo Comum)








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