2016-10-24 09:58:00

Semana do Papa de 17 a 23 de outubro


Nesta “Semana do Papa” destaque especial para as homilias na Capela da Casa de Santa Marta e para a audiência geral na qual Francisco desenvolveu uma catequese sobre duas obras de misericórdia.

Pastores fiéis e abandonados, mas não amargurados

Terça-feira, 18 de outubro: na Missa em Santa Marta, Francisco comentando a Segunda Carta a Timóteo, falou sobre o destino dos apóstolos que, como S. Paulo na fase conclusiva da sua vida, experimentam a solidão na dificuldade: são vítimas da hostilidade e estão abandonados e pedem qualquer coisa para si como mendicantes:  

“Sozinho, mendicante, vítima da hostilidade, abandonado... mas é o grande Paulo, o que ouviu a voz do Senhor, o chamamento do Senhor! Aquele que foi de um lado para o outro, que sofreu tanto e passou por diversas provações para pregar o Evangelho; o que fez entender aos apóstolos que o Senhor queria que os gentios também entrassem na Igreja, o grande Paulo que na oração subiu até ao Sétimo Céu e ouviu coisas que ninguém ouvira antes: o grande Paulo, naquele quartinho de uma casa aqui em Roma, esperando como é que vai acabar esta luta no interior da Igreja entre as partes, entre a rigidez dos tradicionalistas e os discípulos fiéis a ele. E assim, termina a vida do grande Paulo, na desolação: não no ressentimento e na amargura, mas com a desolação interior.”

“O apóstolo, quando é fiel” – sublinhou Francisco – “não espera outro fim senão o de Jesus”. Mas o Senhor permanece próximo, “não o deixa sozinho e ali encontra a sua força”. “Esta é a Lei do Evangelho: se a semente não morrer não dará fruto”. Depois vem a ressurreição. Um teólogo dos primeiros séculos dizia que o sangue dos mártires é a semente dos cristãos:

“Morrer assim como mártires, como testemunhas de Jesus é a semente que morre e dá fruto e enche a terra de novos cristãos. Quando o pastor vive assim, não está amargurado: talvez se sinta desolado, mas tem aquela certeza de que o Senhor está ao seu lado. Quando o pastor na sua vida ocupou-se de outras coisas que não dos fiéis – por exemplo, apegado ao poder, apegado ao dinheiro, apegado aos centros de poder, apegado a tantas coisas – no final, não estará só, talvez tenha os sobrinhos que aguardarão que morra para ver o que poderão levar com eles”.

A fé sem obras está morta em si mesma

Quarta-feira, 19 de outubro: na audiência geral na Praça de S. Pedro, Francisco desenvolveu uma catequese sobre duas obras de misericórdia: dar de comer a que tem fome e dar de beber a quem tem sede.

 A experiência da fome é dura – referiu o Papa – que o diga quem viveu períodos de guerra ou de carestia. E todavia esta experiência repete-se todos os dias, verificando-se, por vezes, mesmo ao lado da abundância e do desperdício – sublinhou.

Uma das consequências do “bem-estar” é levar as pessoas a fecharem-se em si mesmas, tornando-se insensíveis às necessidades dos outros – disse o Santo Padre.

Perante certas notícias e sobretudo certas imagens, a opinião pública sente-se interpelada e adere a campanhas de ajuda que visam estimular a solidariedade; esta frutifica em doações generosas, contribuindo assim para aliviar o sofrimento de muita gente – salientou Francisco.

No entanto – afirmou o Papa – esta forma de caridade é importante, mas talvez não nos toque e não nos faça vibrar pessoalmente. Mas quando nos cruzamos com uma pessoa necessitada, ou quando um pobre bate à nossa porta, já o caso é diferente, porque à nossa frente não temos uma imagem, mas a pessoa real que nos interpela – observou o Santo Padre.

Neste caso viramos a cara para o lado? Fingimos não ver? Vejo se a posso socorrer de algum modo, ou procuro libertar-me o mais depressa possível?

O Papa referiu as palavras de S. Tiago na leitura proposta logo no início da audiência:

“São sempre atuais as palavras do apóstolo Tiago: ‘De que aproveitará, irmãos, a alguém dizer que tem fé se não tiver obras? Aquela fé pode salvá-lo? Se um irmão ou irmã estiverem nus e precisarem de alimento quotidiano, e um de vós lhes disser: «Ide em paz, aquecei-vos e saciai-vos», sem lhes dar o que é necessário ao corpo de que lhes aproveitará? Assim também a fé: se ela não tiver obras é morta em si mesma.’ ”

“Há sempre alguém que tem fome e sede e tem necessidade de mim” – declarou o Papa afirmando que aquela pessoa necessitada, aquele pobre precisa “da minha ajuda, da minha palavra, do meu compromisso”.

Não basta o catecismo para conhecer Jesus

Quinta-feira, 20 de outubro: não basta o catecismo para conhecer Jesus, é preciso oração, adoração e reconhecermo-nos pecadores – esta a principal mensagem do Papa Francisco na Missa em Santa Marta.

O Santo Padre desenvolveu sua homilia partindo da Carta de S. Paulo aos Efésios e observou que Paulo pede que o Espírito Santo dê aos Efésios a graça de “serem fortes, robustos”, por forma, a que Cristo habite nos seus corações”.

Mas como podemos conhecer Cristo? – perguntou Francisco. Como podemos compreender “o amor de Cristo que supera todo o conhecimento?”:

“Cristo está presente no Evangelho, lendo o Evangelho conhecemos Cristo. E todos fazemos isso, pelo menos ouvimos o Evangelho quando vamos à Missa. Com o estudo do catecismo: o catecismo ensina-nos quem é Cristo. Mas isso não é suficiente. Para ser capaz de compreender qual é a largura, o comprimento, a altura e a profundidade de Jesus Cristo é preciso entrar num contexto, primeiro, de oração, como faz Paulo, de joelhos: ‘Pai, envia-me o Espírito para conhecer Jesus Cristo.” 

“Não se pode adorar sem acusar-se a si mesmo. Para entrar neste mar sem fundo, sem margens, que é o mistério de Jesus Cristo, são estas as coisas necessárias: a oração: Pai, envia-me o Espírito para que Ele me leve a conhecer Jesus. Segunda, a adoração ao mistério, entrar no mistério, adorando. E terceira, acusar-se a si mesmo: Sou um homem de lábios impuros. Que o Senhor nos dê esta graça que Paulo pediu para os Efésios também a nós, esta graça de conhecer e merecer Cristo.” 

Trabalhar pela unidade da Igreja

Sexta-feira, 21 de outubro: na homilia em Santa Marta o Papa apontou três palavras para construir a unidade da Igreja: humildade, doçura e magnanimidade. Francisco exortou os cristãos a recusarem invejas e lutas.

“O espírito do mal semeia guerras, sempre. Ciúmes, invejas, lutas, mexericos ... são coisas que destroem a paz e, portanto, não pode haver unidade. E como é o comportamento de um cristão para a unidade, para encontrar esta unidade? Paulo diz claramente: Comportem-se de maneira digna, com toda a humildade, doçura e magnanimidade”. Estas três atitudes…”

“Primeira, a humildade; segunda, doçura, com este suportar-se mutuamente; e terceira, a magnanimidade, um coração grande onde cabem todos, e que não condena e não se rebaixa a coisas mesquinhas: ‘quem disso isto, quem ouviu aquilo…’ Um coração largo com lugar para todos. E isto faz o vínculo da paz este é o modo digno de nos comportarmos para fazer o vínculo da paz que é criador de unidade. O criador da unidade é o Espírito Santo, mas favorece, prepara a criação da unidade.”

No sábado dia 22 teve lugar na Praça de S. Pedro mais uma audiência jubilar neste Ano Santo da Misericórdia. O Santo Padre falou na sua catequese sobre misericórdia e diálogo e afirmou que o diálogo abate os muros das divisões.

Neste fim-de-semana decorreu o Jubileu dos corais e dos animadores da liturgia neste Ano da Misericórdia. Destaque para um congresso subordinado ao tema: “Cantar a Misericórdia” e para um concerto na Sala Paulo VI dedicado a S. João Paulo II e à Divina Misericórdia.

No Angelus deste domingo Francisco lançou um forte apelo para a paz no Iraque. O Santo Padre declarou a sua proximidade, em particular, às populações da cidade de Mosul, sejam elas muçulmanas, cristãs ou pertencentes a outras etnias ou religiões. O Papa afirmou estar “profundamente chocado” com a “notícia de um assassinato”, a sangue frio de numerosos iraquianos, incluindo crianças. Francisco assegurou a sua oração para que o Iraque seja “forte e firme na esperança de poder ir ao encontro de um futuro de segurança, de reconciliação e de paz”.

E com o Angelus deste domingo terminamos esta síntese das principais atividades do Santo Padre que foram notícia de 17 a 23 de outubro. Esta rubrica regressa na próxima semana sempre aqui na RV em língua portuguesa.

(RS)








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