Haiti: alarme cólera após o furacão Matthew


Roma (RV) – Após a passagem do furacão Matthew que provocou a morte de pelo menos 900 pessoas e causou seis vítimas nos Estados Unidos, no país do Caribe, já martirizado pelo terrível terremoto de 2010, luta-se contra o tempo para chegar às áreas mais isoladas da ilha. Segundo as estimativas de algumas ONGs, a fúria da tempestade causou pelo menos 21 mil desabrigados, enquanto 350 mil seriam as pessoas necessitadas de assistência, entre elas muitas crianças. E numa situação já tanto grave, com uma mortalidade infantil altíssima, somente uma pessoa entre quatro há acesso aos serviços higiênicos, e uma entre duas à água potável, se apresenta agora o espectro da cólera. Entre os muitos apelos à comunidade internacional para uma intervenção em apoio a uma imediata resposta humanitária, encontra-se o de Oxfam, cujos membros estão trabalhando nas áreas mais atingidas pelo furacão. A Rádio Vaticano conversou com Gabriele Regio, responsável pelas intervenções de Oxfam Itália no Haiti e República Dominicana, onde se encontra neste momento.

R. – Imediatamente nos ativamos para dar uma primeira resposta à situação de emergência, e, em seguida, para poder fornecer kits higiênicos, os quais são compostos de pastilhas para a purificação da água, mas também alimentos e, em alguns casos barracas; mobilizamos nossa logística de Porto Príncipe, para poder fornecer meios, ou materiais, para a instalação de cisternas para a água potável.

P. Sabe-se que há ainda muitas áreas inacessíveis: qual a informação que vocês têm?

R. - Sim, na verdade, ainda existem áreas como a mesma Jérémie, que praticamente foi construída sobre a foz de um rio, e é de difícil acesso. Por isso, é preciso estar muito atento ao falar de números, por várias razões: um, porque ainda muitas áreas não foram alcançadas por isso, não sabemos qual será o número de mortos; dois, o Haiti é um país em que os registros de casas e da população são praticamente inexistentes: o edifício dos registros de casas desabou em 2010, com o terremoto... por isso, é difícil obter dados confiáveis.

P. – O Haiti foi devastado no ano 2010 pelo terrível terremoto. Nestes cinco anos, não se conseguiu colocar o país de pé?

R. – O terremoto de 2010 tinha atingido principalmente a capital, Porto Príncipe, com mais de 300 mil mortos, quase um milhão e meio de pessoas desabrigadas. Após cinco anos, 60 mil pessoas ainda viviam em barracas e obviamente, no momento em que a cidade ficou alagada, foram as pessoas mais vulneráveis, porque já viviam em condições muito difíceis e agora foram novamente atingidas por esta segunda catástrofe. Em outras áreas, sobretudo no Sul, em Le Caye, o terremoto não tinha causado grandes danos porque fica um pouco longe.

P. –  O alarme tinha sido dado com um bom tempo de antecipação: foram tomadas medidas de emergência?

R. – Sinceramente, o alarme foi dado um bom tempo antes; o problema fundamental é que muitas das pessoas que receberam o sinal de alarme, em muitos casos não aceitaram deixar suas casas que, todavia, foram construídas em áreas não edificáveis – muitas foram construídas precisamente no leito dos rios. Porém, apesar deste risco, não aceitaram deixar as casas por medo de serem roubados. Este é um problema que, infelizmente, também na República Dominicana causa vítimas, apesar do alarme ser dado, e é precisamente isso: que as pessoas não abandonam as suas casas e permanecem, portanto, em uma área na qual, se sabe já de antemão, será inundada. (SP)

 








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