Pe. Majewski: Papa no Cáucaso para dar nova esperança ao pequeno rebanho


Cidade do Vaticano (RV) - O avião que trouxe o Papa de retorno de Baku aterrissou às 21h20 (16h20h de Brasília) deste domingo no aeroporto romano de Ciampino. Francisco concluia assim sua viagem apostólica internacional ao Cáucaso – a 16ª de seu Pontificado –, na qual visitou a Geórgia e o Azerbaidjão. Uma viagem à ‘periferia’ (extremo-leste da Europa), onde os católicos são uma minoria. Para um balanço sobre a viagem a Rádio Vaticano ouviu nosso diretor de programas, Pe. Andrea Majewski, que acompanhou de perto esta visita:

Pe. Andrea Majewski:- “Em se tratando de viagens dos papas, parece-me muito difícil dizer se a viagem teve ou não bom êxito. Isso porque, sobretudo, é preciso tempo para uma tal avaliação. Ademais, habitualmente o Papa não viaja para resolver este ou aquele problema, para ajustar uma coisa ou outra. Em várias ocasiões o Papa Francisco reiterou que o mais importante não é simplesmente fazer uma coisa ou outra, mas iniciar certos processos que possam ter sua continuidade. Vejo propriamente desse modo a viagem do Papa ao Cáucaso. Trata-se, em primeiro lugar, de reforçar um processo de diálogo e de colaboração mais estreita com as antigas Igrejas, antiquíssimas Igrejas, que estão presentes nestas terras. Trata-se também de pequenos passos, mas muito concretos. Se olharmos – por exemplo – para o fato que 15 anos atrás não teria sido possível para os fiéis ortodoxos georgianos participar de uma Missa católica e que hoje uma tal participação não tenha sido expressamente proibida, esse é um daqueles passos concretos dentro de um processo de abertura. Temos as razões para pensar que realmente essas coisas são irreversíveis.”

RV: Qual foi a mensagem que o Papa deixou aos católicos que vivem como minoria nestes dois países?

Pe. Andrea Majewski:- “Para as comunidades católicas, tanto a viagem do Papa à Armênia (junho passado, ndr) quanto esta que acabou de se realizar à Geórgia e Azerbaidjão foram realmente uma ‘lufada de ar fresco’. Vivendo diariamente num ambiente culturalmente diferente, com a vinda do Papa os católicos certamente se sentem revigorados, motivados e também humanamente apreciados. Uma palavra simples do Papa dirigida ao término da Missa em Baku – ‘Avante!’, ‘Coragem’ – isso não tem preço! Durante sua última viagem, reiteradas vezes o Papa falou de ‘pequeno rebanho’ e aludiu também ao alvorecer da Igreja. Ser apenas um ‘pequeno rebanho’ tem também suas vantagens. Saudando o Papa, na Geórgia, o administrador apostólico, Dom Giuseppe Pasotto, disse que sendo comunidades minoritárias, eles se sentem mais livres, porque não têm muitas coisas a perder; podem realmente viver na simplicidade não caindo na cilada do orgulho. É uma riqueza para toda a Igreja que – graças também à viagem do Papa – foi certamente evidenciada.”

RV: O Papa visitou dois pequenos países, pouco visíveis no contexto mundial. Mais uma vez, uma predileção do Santo Padre pelas periferias?

Pe. Andrea Majewski:- “O Papa é muito coerente com o programa que apresentou no início do Pontificado. As chamadas ‘periferias’ são muito importantes para ele, porque – como ele mesmo costuma afirmar – ‘se vê melhor das periferias do que do centro’. Portanto, o Papa vai às chamadas ‘periferias’, onde a Igreja tem uma discreta visibilidade, para ver melhor toda a Igreja. Fiquei muito impressionado com o que o Papa Francisco disse este domingo no voo de retorno; falando da Geórgia e de seu encontro com o Patriarca, disse: ‘Encontrei um homem de Deus’. Penso quiçá, que talvez esta simples palavra do Papa tenha mais valor do que tantos discursos que foram pronunciados... Quantos outros desconhecidos ‘homens de Deus’ o Papa poderá encontrar – por exemplo – na Índia, em Bangladesh, aonde pensa ir no próximo ano. É difícil ver e apreciar tudo isso a partir do centro, que está sempre sujeito à tentação de saber e ver tudo. Por isso o Papa ama ir às periferias.” (RL)








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