De Mistura: ouvir o Papa, basta armas na Síria se se quer a paz


Cidade do Vaticano (RV) - Após o encontro do Papa esta quinta-feira (29/09) com membros de organismos caritativos católicos que atuam no contexto da crise humanitária na Síria, Iraque e países limítrofes, a Rádio Vaticano entrevistou o enviado especial do secretário geral da ONU, Staffan de Mistura, que – em primeiro lugar – ressaltou a importância dos prementes apelos do Pontífice em favor da paz na Síria:

Staffan de Mistura:- “É sempre fundamental e urgentemente necessário neste momento! Estamos numa fase tão crítica e tão delicada, da tentativa de levar a paz à Síria, que uma mensagem forte como a que ouvimos do Santo Padre era necessária não somente para mim, mas para a comunidade internacional.”

RV: Também esta quarta-feira o Santo Padre disse: “Aqueles que bombardearam os comboios humanitários, bem como os hospitais, prestarão contas a Deus”. Há, realmente, uma situação inimaginável...

Staffan de Mistura:- “Basta pensar no que ocorreu nos últimos dias, o Santo Padre sabe disso: 99 crianças morreram e 203 ficaram feridas ao leste de Aleppo. Dois hospitais foram alvejados, ficaram 30 médicos para 375 mil pessoas. Não se pode pensar que essas 99 crianças eram todas terroristas! Isso é inaceitável, e o Santo Padre tem razão ao dizer isso.”

RV: Ademais, há o problema das armas, que mais vezes foi claramente denunciado pela Santa Sé e pela Onu...

Staffan de Mistura:- “Hoje, a Síria está repleta de armas: parece que quem quer falar de paz, ao invés, busca em seguida uma solução militar – é o que estamos vendo. A verdade é que não existe uma solução militar: há unicamente uma solução política e o Santo Padre recordou isso. Dois: há resoluções da ONU que pedem exatamente isto; que não haja mais armas nem de um lado nem do outro. Três: vimos, eu mesmo com minha experiência pessoal de 19 conflitos em 46 anos; toda vez que as armas ou as munições começavam a faltar, todos estavam prontos para falar de paz. Portanto, isso é urgente!”

RV: O senhor testemunhou várias vezes que a Síria não é somente crueldade; há muita gente – na Igreja, nos organismos caritativos, na ONU, no voluntariado – que faz tanto...

Staffan de Mistura:- “Veja bem, tivemos um comboio com 21 mortos. Todos eram voluntários, prontos a colocar suas vidas em risco para levar alimento a uma zona sob controle da guerrilha, e partiam de Damasco: um belo sinal, inclusive, de colaboração entre pessoas que ajudam os civis. Pois bem, como eles existem tantos outros e nós não ouvimos falar deles porque vemos somente horror, e devem ser recordados porque são os verdadeiros heróis deste conflito.” (RL)








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