Dicastério vaticano migrantes e itinerantes: o desafio do acolhimento


Cidade do Vaticano (RV) - Compreensão e abertura, mas ao mesmo tempo capacidade de adaptar-se às mudanças: é com esses sentimentos que os europeus são chamados a enfrentar o desafio do acolhimento dos migrantes e dos refugiados.

Foi o que disse o secretário do Pontifício Conselho da Pastoral para os Migrantes e os Itinerantes, Dom Joseph Kalathiparambil, em pronunciamento feito dias atrás no encontro sobre a urgência e atualidade das obras de misericórdia, organizado em Sarajevo – capital da Bósnia-Herzegóvina – pela comissão Caritas em veritate do Conselho das Conferências Episcopais da Europa (CCEE), em colaboração com os bispos da Bósnia-Herzegóvina.

A propósito, o bispo indiano ressaltou também que diante de tal fenômeno é necessário sentir-se responsáveis, recordar o passado, defender os direitos dos migrantes e dos refugiados, rezar por eles, reporta o jornal vaticano “L’Osservatore Romano”.

Após ater-se a cada obra de misericórdia corporal com a ajuda dos organismos diretamente envolvidos nesses âmbitos, os participantes do encontro em Sarajevo se detiveram sobre as “novas obras de misericórdia”: as que estão ligadas às urgências que atingem a Europa hoje e que dizem respeito às migrações, à dignidade do trabalho e ao mundo da política.

Em particular, o prelado indiano foi convidado a falar sobre o tema do acolhimento para introduzir o testemunho do secretário geral da Comissão internacional católica para as migrações, Dom Robert J. Vitillo.

Saudando os presentes também em nome do Cardeal Antonio Maria Vegliò, o secretário do dicastério vaticano evidenciou que o fenômeno migratório em relação ao passado hoje impressiona tanto pelo número de pessoas envolvidas quanto pelas áreas geográficas em questão.

Não se trata de uma nova realidade, mas atualmente representa um grande desafio, especialmente se entrelaçado com vários fatores que tendem a agravar seu efeitos, como a crise econômica e o terrorismo. No entanto, observou, “como cristãos devemos continuar ouvindo as palavras de Jesus: ‘Era forasteiro e me acolhestes’ (Mt 25,35)”.

Porque, acrescentou, quem tem olhos para enxergar pode ver o rosto de Cristo refletido no rosto do migrante; quem tem ouvidos para ouvir sabe que as palavras de Jesus chegam através do estrangeiro; e para quem se detém para escutar, o seu grito ecoa propriamente no grito do refugiado.

Por isso, acolher o migrante significa, sobretudo sentir-se responsáveis. Todavia, advertiu Dom Kalathiparambil, “a responsabilidade do acolhimento não diz respeito somente às políticas dos governantes e ao direito, mas também a cada cidadão”, e sobretudo o cristão.

No que diz respeito ao dever da memória, o bispo recordou as ondas migratórias que no passado dessangraram a Europa. “Alguns experimentaram exatamente aquilo que a migração significa e quais efeitos tem esse fenômeno. Outros têm familiares ou amigos que emigraram para o exterior e sabem dos incômodos e dificuldades que encontra” quem toma o caminho da migração.

Por conseguinte, recordar permite uma mudança de perspectiva e possibilita olhar com olhos diferentes para a situação dos migrantes: “a história deles torna-se algo que nos diz respeito”.

A esse propósito, o prelado observou que é importante pensar nos migrantes “não somente baseado na condição deles de regular ou irregular, mas sobretudo como pessoas cuja dignidade deve ser tutelada” e como indivíduos que podem “contribuir para o progresso e o bem comum geral”.

Por fim, na ótica cristã acolher significa também rezar. “A oração abre a porta para a graça de Deus; leva a uma conversão do coração, que por sua vez provoca a compaixão” necessária para acolher como um irmão quem foge de guerras e violências, concluiu. (L'Osservatore Romano / RL)








All the contents on this site are copyrighted ©.