Papa: o amor de Deus nunca diminuirá nas nossas vidas e na história do mundo


Cidade do Vaticano (RV) - “Estai sempre prontos para a solidariedade, fortes na proximidade, diligentes para despertar alegria e convincentes na consolação. O mundo precisa de sinais concretos de solidariedade, especialmente diante da tentação da indiferença.”

Foi a exortação do Pontífice ao participantes do Jubileu dos Agentes de Misericórdia, cujo evento teve lugar na manhã deste sábado (03/09) na Praça São Pedro, lotada de voluntários provenientes de todas as partes do mundo, cerca de 24 mil, aos quais o Papa Francisco reiterou o convite a serem agentes de misericórdia diante da tentação da indiferença.

O Jubileu dos Agentes de Misericórdia teve início na sexta-feira tem seu ponto alto este sábado com o encontro com o Santo Padre e terá sua coroação este domingo com a canonização de Madre Teresa de Calcutá, exemplo incansável de agente da Misericórdia de Deus.

Em seu discurso, o Papa ateve-se ao hino do amor que o apóstolo Paulo escreveu para a comunidade de Corinto (Cor 13,1-13) definindo-o como uma das páginas mais belas e exigentes para o testemunho da nossa fé.

O apóstolo afirma que “ao contrário da fé e da esperança, o amor «jamais acabará». Este ensinamento deve ser para nós uma certeza inabalável; o amor de Deus nunca diminuirá nas nossas vidas e na história do mundo. É um amor que permanece para sempre jovem, ativo, dinâmico capaz de atrair para si de modo incomparável. É um amor fiel que não trai, apesar das nossas contradições”, ressaltou.

Descrevendo-o, Francisco disse tratar-se de “é um amor que permanece para sempre jovem, ativo, dinâmico capaz de atrair para si de modo incomparável. É um amor fiel que não trai, apesar das nossas contradições. É um amor fecundo que gera e conduz para além da nossa preguiça. É desse amor que todos nós somos testemunhas”.

O Pontífice frisou que o amor de Deus, que vem ao nosso encontro, “é como um rio na cheia que nos arrasta, mas sem nos anular; muito pelo contrário, é uma condição de vida”, observou, acrescentando que “quanto mais nos deixamos envolver por este amor, mas a nossa vida se regenera. Deveríamos dizer com toda a nossa força: sou amado, logo existo!”.

“O amor de que o Apóstolo fala não é algo abstrato e vago; pelo contrário, é um amor que se vê, se toca e se experimenta em primeira pessoa. A maior e mais expressiva forma desse amor é Jesus. Toda a sua pessoa e a sua vida não são outra coisa senão a manifestação concreta do amor do Pai, chegando até o ponto culminante: «A prova de que Deus nos ama é que Cristo morreu por nós, quando éramos ainda pecadores» (Rm 5,8).”

Diante deste conteúdo tão essencial da fé, prosseguiu o Papa, “a Igreja nunca poderia permitir-se fazer como fizeram o sacerdote e o levita com o homem deixado meio morto por terra (cf. Lc 10,25-36). Não é possível desviar o olhar e tomar outra direção para não ver as muitas formas de pobreza que pedem misericórdia”.

Ditas tais palavras, Francisco fez uma premente admoestação, um imperioso dever evangélico diante do qual a Igreja e nenhum cristão pode furtar-se:

“Não seria digno da Igreja nem de um cristão “passar ao largo”, supondo que se pode ter a consciência tranquila só por termos rezado! O Calvário é sempre atual; de nenhum modo deixou de existir, nem permanece como uma bela pintura nas nossas igrejas. O vértice de “com-paixão”, de onde brota o amor de Deus diante da miséria humana, ainda fala aos nossos dias e impele sempre a dar novos sinais de misericórdia.”

“Nunca me cansarei de dizer que a misericórdia de Deus não é uma ideia bonita, mas uma ação concreta”, advertiu o Santo Padre; “e mesmo a misericórdia humana não é autêntica enquanto não alcança a concretização no seu agir diário. A exortação do Apóstolo João permanece sempre válida: «Filhinhos, não amemos só com palavras e de boca, mas com ações e de verdade!» (1 Jo 3,18)”.

De fato, “a verdade da misericórdia se confirma nos nossos gestos de cada dia, que tornam visível a ação de Deus no meio de nós”, acrescentou.

Em seguida, Francisco dirigiu-se diretamente ao multifacetário mundo do voluntariado:.

“Irmãos e irmãs, vós representais aqui o grande e variado mundo do voluntariado. Sois justamente vós uma das realidades mais preciosas da Igreja que, muitas vezes no silêncio e escondidos, dais forma e visibilidade à misericórdia. Exprimis o desejo - entre os mais belos no coração do homem: fazer com que a pessoa que sofre se sinta amada. Em diferentes condições de carência e nas necessidades de tantas pessoas, a vossa presença é a mão de Cristo estendida que alcança a todos.

A credibilidade da Igreja, observou com ênfase, “passa de forma convincente através do vosso serviço com as crianças abandonadas, os doentes, os pobres sem comida e trabalho, os idosos, os sem-abrigo, os prisioneiros, refugiados e migrantes, as pessoas afetadas por desastres naturais... enfim, onde quer que exista um pedido de ajuda, ali chega o vosso testemunho ativo e desinteressado. Tornais visível a lei de Cristo: levar os pesos uns dos outros (cf. Gal 6,2, Jo 13,34).

Francisco concluiu com uma premente exortação aos Operadores de Misericórdia do mundo inteiro:

“Estai sempre prontos para a solidariedade, fortes na proximidade, diligentes para despertar alegria e convincentes na consolação. O mundo precisa de sinais concretos de solidariedade, especialmente diante da tentação da indiferença, e exige pessoas capazes de opor-se com as suas vidas o individualismo: pensar só a si mesmo, ignorando os irmãos em necessidade.”

Antes de despedir-se, quis deixar uma advertência: “Estai sempre contentes e cheios de alegria pelo vosso serviço, mas nunca fazei dele um motivo de presunção que leva a se sentir melhor do que os outros. Em vez disso, que a vossa obra de misericórdia seja a prolongação humilde e eloquente de Jesus Cristo, que continua a se curvar e cuidar daqueles que sofrem”.

Por fim, Francisco lembrou que este domingo teremos a alegria de ver Madre Teresa proclamada santa: “Este testemunho da misericórdia dos nossos tempos se une à fileira inumerável de homens e mulheres que tornaram visíveis com a sua santidade o amor de Cristo. Imitemos nós também o seu exemplo, e peçamos para ser humildes instrumentos nas mãos de Deus para aliviar o sofrimento do mundo e dar a alegria e a esperança da ressurreição”. (RL)

 








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