Patriarca Laham: mortos nas prisões sírias: "guerra de informações"


Damasco (RV) - Uma "guerra de informações" feita de mentiras, afirmações falsas, presumíveis revelações, e que corre paralelamente aos "combates com as armas" para distrair e influenciar a opinião pública internacional e a população local.

É o que afirma à Agência Asianews o Patriarca melquita Gregorio III Laham, ao comentar a notícia de que ao menos 18 mil pessoas teriam sido mortas por torturas e privações nas prisões do governo sírio, desde o início do conflito em março de 2011.

"Como se pode acreditar nestas cifras, na exatidão dos dados, se não é permitido entrar nas prisões e são baseadas somente em alguns testemunhos parciais?", questiona o prelado.

As informações sobre torturas constam de um relatório divulgado na quinta-feira (19/08) pela Anistia Internacional. Segundo os dados, entre 2011 e 2015, foram registradas "ao menos 18 mil" vítimas nas prisões sírias.

A denúncia é fruto de testemunhos de 65 "sobreviventes às torturas", segundo os quais, existiria um "uso sistemático" da tortura, do estupro e dos maus-tratos por parte dos guardas carcerários. O governo sírio rejeita as denúncias, que indicam 300 mortes mensais nas celas.

O documento da AI fala de abusos sexuais durante as operações de controle, cometidos na maior parte das vezes contra mulheres detidas. Ademais, aos presos é negado cuidados médicos e o acesso à água para higiene pessoal, o que aumenta o risco de difusão de doenças.

Para o líder da Igreja Greco-melquita "não é possível comprovar" estas cifras e verificar a "veracidade" destas informações. Outrossim, a fonte Anistia Internacional "não é tão independente assim" e no contexto da crise síria "seguidamente são verificadas manipulações das notícias".

"Por trás destas presumíveis revelações - acrescenta o Patriarca - existe um matiz político, no contexto de uma guerra de informação, como ocorreu no passado com o acontecimento das armas químicas".

Gregório III fala de uma "manobra" em andamento para desacreditar "o governo sírio e a Rússia", no momento em que está nascendo uma nova aliança - Moscou, Teerã, Pequim - capaz de enfrentar as ambições estadunidenses na região. "Esta é uma outra partida - refere - no contexto da 'guerra' entre Estados Unidos e Rússia.

Uma avaliação - conta o prelado - que é compartilhada por grande parte da população síria que se sente vítima de "uma guerra suja" que, em cinco anos, provou 250 mil mortos e 11 milhões de deslocados.

"Nós Patriarcas - afirma Gregorio III - há tempos afirmamos que uma verdadeira aliança internacional pode vencer o terrorismo, mas existem interesses contrapostos". A única "voz da verdade" é a do Papa Francisco, que não se cansa nunca de "lançar apelos pela amada Síria", que denuncia a hipocrisia de uma comunidade internacional "que fala de paz e depois vende  armas" às partes em luta.

"Na realidade - prossegue o Patriarca - a situação em algumas áreas da Síria sob o controle governativo, como Damasco e Homs, é de relativa calma e desde o mês de fevereiro não são registrados graves episódios de violência. Os problemas maiores estão na fronteira com a Turquia e em Aleppo, metrópoles vítimas de destruições, bombas, devastações. 50% da população fugiu e a cidade se preparara para viver a mãe de todas as batalhas.

(JE)








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