A entrada de Moscou na crise síria redesenhou equilíbrio internacional


Damasco (RV) – Novas alianças passam a fazer parte do universo crise síria, enquanto os combates em Aleppo não dão trégua. O Hezbollah já estava na linha de frente dos combates, ao lado do exército de Bashar al-Assad. Agora, o Irã se envolve tecnicamente no conflito ao ceder à aviação russa a Base militar de Hamadan, de onde partiram caças na quarta-feira que mataram mais de 150 jihadistas na Província síria de Deir El Zor.

Também o Iraque colocou à disposição seu espaço aéreo, enquanto a China apoia Damasco com treinamento e ajudas militares. Sobre a nova geografia do conflito, ouçamos a análise de Andrea Margelletti, Presidente do Centros de Estudos Internacionais:

“Moscou está jogando uma partida extremamente inteligente, porque a guerra custa e a diminuição sensível do preço do petróleo levou Moscou a uma crise econômica e uma capacidade de poder apoiar por longo tempo alguns tipos de operações, que não é mais a mesma de alguns anos atrás. E é por isto que a Rússia se aproxima da China, cash importante, mas não só: fala também com outros protagonistas regionais”.

RV: Em termos de resultados concretos, esta situação de Moscou facilita, acelera as intervenções. Estaríamos em uma reta final?

“A reta final existe somente na escrita dos jornalistas, mas não é bem assim. Basta ver o número de voos que se faz contra o autoproclamado Estado Islâmico, para entender o quanto eles ainda estão longe dos milhares que seriam necessários fazer e sobretudo, da necessidade de ter milhares e milhares de soldados sobre o terreno. Moscou não está combatendo o EI no nosso lugar, mas está redefinindo uma série de atores regionais para continuar a ser uma superpotência global igual aos Estados Unidos, com uma presença todavia forte e importante no Oriente Médio, a área de seu mais próximo interesse, sobretudo depois das operações na Ucrânia. O EI é uma “desculpa”. O que interessa Moscou é o grande jogo da estratégia naquela parte do mundo”.

RV: Portanto, não exatamente uma ação anti-estadunidense…

“Não, não se quer perder o aliado Washington, mas por outro ponto de vista, seguramente se quer ser a referência política principal na região. Portanto, não uma função anti-Washington, mas certamente não se trata nem mesmo de amigos”.

RV: A China. Antes o senhor falou de interesses econômicos. Sem dúvida Putin, em Pequim, assinou muitos acordos comerciais importantes. Contudo, como o senhor avalia o aparecimento da China neste cenário? É algo que surpreende?

“Eu diria que não. A China está presente no Oriente Médio há muito tempo, com a tradicional discrição de Pequim. Ao mesmo tempo, a China tem um confronto aberto muito claro contra os Estados Unidos e os seus aliados no Pacífico. Tem necessidade de incrementar as próprias capacidades militares, tem necessidade da tecnologia russa. E é por isto que está disposta a aproximar-se de Moscou. São matrimônios de interesse”.

RV: O Estado Islâmico, ao menos no terreno, está sofrendo um cerco, mesmo assim não permanece silencioso. A ameaça voltou a atingir o Ocidente. Houve uma espécie de convite a todos os “lobos solitários” para entrar em ação, quer na Europa como nos Estados Unidos. Temos visto o êxito destas células enlouquecidas. Devemos levar a sério estes chamados?

“São dramaticamente críveis e seguidamente também eficazes. Não são ataques que possam, no momento, criar comparações com o 11 de setembro. Mas certamente são ataques que podem ser devastadores na psicologia das pessoas e no nosso modo de viver. Os serviços de inteligência e segurança e as Forças de ordem estão fazendo um trabalho extraordinário. Mas quem imagina existir uma segurança 100%, está falando de uma utopia. Podem ser fios muito estreitos de uma rede, mas é uma rede, algo destinado a passar sempre”.

 

(JE/GC)








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