LG: Todos são chamados à união com Cristo


Cidade do Vaticano (RV) – No nosso espaço Memória Histórica – 50 anos do Concílio Vaticano II, vamos continuar a tratar na edição de hoje da Constituição dogmática Lumen Gentium.

A Constituição dogmática Lumen Gentium, refletindo basicamente sobre a constituição e a natureza da Igreja, reafirmou várias verdades eclesiológicas. O documento oferece várias e bonitas  imagens sobre a Igreja, chamando-a de Esposa de Cristo, ou Igreja como povo de Deus, Corpo de Cristo. No programa de hoje, o Padre Gerson Schmidt, que tem nos acompanhado na leitura deste documento do Concílio, nos traz a reflexão “Todos são chamados a união com Cristo”. Vamos ouvir:

“A constituição Dogmática Lumen Gentium é a chave de leitura para todos os outros documentos do Concilio Vaticano II. Sem dúvida é o documento a mais importante do concilio Vaticano II, que fala do mistério da Igreja, sua missão para a salvação da humanidade. Aponta, no número três, uma afirmativa importante: “Todos os homens são chamados a esta união com Cristo, luz do mundo, do qual vimos, por quem vivemos, e para o qual caminhamos” (Lumen Gentium, 3). 

Essa afirmativa cristólogica, de que todos são chamados à unidade com Cristo, não acontece de maneira abstrata, mas concretamente na Igreja, que é universal, por isso, chamada de católica. Mais precisamente, a unidade com Cristo, se dá numa comunidade cristã concreta, numa paróquia, num grupo local de vivência cristã, onde se vive o amor e a unidade, e – diz a Lumen Gentium – em torno da Eucaristia. E mesmo que nem todos participem da mesa eucarística, é por meio dela que é significada e realizada a unidade entre os fiéis. “Pelo sacramento do pão eucarístico é significada e realizada essa unidade”(cf. Lumen Gentium, 3).

Digo mais, recordando aqui a Oração Sacerdotal de Jesus no cenáculo, de João, capítulo 17, versículos 20-21: “Pai, que todos sejam um, como nós somos um. Eu neles e tu em mim, para que sejam perfeitos na unidade e para que o mundo reconheça que tu me enviastes e os amaste como amaste a mim”. É interessante perceber que São João repete duas vezes essa frase em dois versículos do capítulo 17. O versículo 20 diz assim: “Como tu, Pai, estás em mim e eu em ti, que eles estejam em nós, para que – para que o mundo creia que tu me enviaste”. Esse versículo diz, para que o mundo “creia” – que haja unidade entre os cristãos. No versículo 21 diz: “para que o mundo reconheça” – é necessário que sejamos perfeitos na unidade. Para que o mundo creia – no versículo 20 – e para que o mundo reconheça – no versículo 21. Não há outra forma dos cristãos serem um sinal para que o mundo creia e reconheça o Salvador a não ser pela unidade na comunidade, a unidade na caridade e no amor.

Portanto, a unidade entre nós, é condição fundamental para que o mundo creia que Cristo é a luz das nações. A Igreja será luz, enquanto for unida, no Corpo Eucarístico, que faz visível a unidade dos que amam a Cristo. No amor e na unidade, anunciaremos que Cristo é Luz que ilumina todo o homem que vem a esse mundo. Seremos sinais para o mundo se formos um só corpo, bem unido, no qual todas as divisões sejam superadas.

Numa das alocuções de quarta-feira, o Papa Francisco apontou a importância dessa unidade dos cristãos em torno do que celebramos. São palavras do Papa: “E com a Eucaristia sentimos esta pertença à Igreja, ao Povo de Deus, ao Corpo de Deus, a Jesus Cristo. Nunca terminará em nós o seu valor e a sua riqueza. Por isto, pedimos que este Sacramento possa continuar a manter viva na Igreja a sua presença e a moldar as nossas comunidades na caridade e na comunhão, segundo o coração do Pai. E isto se faz durante toda a vida, mas tudo começa no dia da primeira comunhão”. (Catequese, Praça São Pedro – Vaticano, Quarta-feira, 05 de fevereiro de 2014).

Num outro encontro do Papa Francisco com os Bispos amigos do movimento Focolares, o Papa frisou essa unidade em torno da Eucaristia. O carisma da unidade próprio do Movimento Focolares – disse o Papa – “é fortemente ancorado à Eucaristia, o que confere-lhe o seu caráter cristão e eclesial”. “Sem a Eucaristia a unidade perderia o seu polo de atração divina e se reduziria a um sentimento e a uma dinâmica unicamente humana, psicológica, sociológica. A Eucaristia, ao contrário, garante que Cristo esteja no centro, e que seja o seu Espírito, o Espírito Santo que mova os nossos passos e as nossas iniciativas de encontro e de comunhão”. O serviço fundamental dos bispos – acrescentou o Papa – é o de reunir “as comunidades ao redor da Eucaristia, à dúplice mesa da Palavra e do Pão de vida”. “O bispo é princípio de unidade na Igreja, mas isto não acontece sem a Eucaristia: o bispo não reúne o povo ao redor da sua própria pessoa, ou de suas ideias, mas ao redor de Cristo presente na sua Palavra e no Sacramento do seu Corpo e Sangue” (Vaticano, Sala Paulo VI, 4 Março 201). 

Portanto, a Eucaristia como fator unitivo, congregacional, que emana os fieis em torno dos pastores, para sermos todos um só rebanho, um só Povo de Deus numa comunhão de fé, numa verdadeira koinonia".

(JE)








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