LG: A união com Cristo num só corpo que comungamos


Cidade do Vaticano (RV) – No nosso espaço Memória Histórica, 50 anos do Concílio Vaticano II, vamos continuar a tratar da Constituição dogmática Lumen Gentium.

A Constituição dogmática Lumen Gentium (Luz dos Povos) é um dos mais importantes documentos do Concílio Vaticano II, motivo pelo qual, a ela temos dedicado tantos programas. O texto permite colher diversas imagens sobre a Igreja, imagens estas que tem sido amplamente exploradas nas reflexões propostas pelo Padre Gerson Schmidt, incardinado na Arquidiocese de Porto Alegre. Na edição de hoje, o sacerdote nos propõe a meditação “A união com Cristo num só corpo que comungamos”. Vamos ouvir:

“Queremos, nesse espaço, na memória e atualização da Lumen Gentium, passados 50 anos do Concilio, que foi sem dúvida um divisor de águas, apontar a unidade dos cristãos comungando o mesmo pão eucarístico, como já damos luz nos comentários anteriores. O pregador da Casa Pontifícia, Raniero Cantalamessa, no advento do ano passado fez uma rica recordação da Lumen Gentium. Dizia ele o seguinte, referindo ao corpo Mistico que é a Igreja por ser esposa de Cristo: “É desnecessário mencionar que este era o coração da concepção agostiniana da Igreja, a ponto de dar, às vezes, a impressão de identificar pura e simplesmente o corpo de Cristo que é a Igreja com o corpo de Cristo que é a Eucaristia. Isso é o que atesta a evolução do termo “corpo místico” de Cristo que, de indicar a Eucaristia, passa lentamente a significar, como acontece hoje, a Igreja. Esta, como sabemos, é também a visão que mais aproxima a eclesiologia católica da eclesiologia eucarística da Igreja Ortodoxa. Sem a Igreja e sem a Eucaristia, Cristo não teria “corpo” no mundo”. É interessante essa frase tirada de Santo Agostinho que repetimos ao ouvinte para que se fique atento: Sem a Igreja e sem a Eucaristia, Cristo não teria “corpo” no mundo”. Ou seja, em outras palavras: A maneira de Cristo se visibilizar em seu corpo, em sua ação concreta, não abstrata, é a Igreja, enquanto exerce sua missão nos sacramentos e na evangelização dos povos. Sem a Igreja e sem a Eucaristia, Cristo não teria “corpo” no mundo”.

No capítulo três da Lumen Gentium, que tem como título “A missão e o múnus do Filho”, aponta essa unidade concreta e palpável da Igreja como corpo, na celebração eucarística, que congrega todos num só pão que nos alimenta, que não é simples pão, mas o Corpo do Senhor que comungamos. Palavras textuais do nosso documento que estamos enfocando: “Sempre que no altar se celebra o sacrifício da cruz, na qual «Cristo, nossa Páscoa, foi imolado» (1 Cor. 5,7), realiza-se também a obra da nossa redenção. Pelo sacramento do pão eucarístico, ao mesmo tempo é representada e se realiza a unidade dos fiéis, que constituem um só corpo em Cristo (cfr. 1 Cor. 10,17). Todos os homens são chamados a esta união com Cristo, luz do mundo, do qual vimos, por quem vivemos, e para o qual caminhamos” (Lumen Gentium, 3). 

Recordemos aqui que sempre o documento volta a apontar a Eclesiologia Cristológica. Acabemos de ler: “Todos os homens são chamados a esta união com Cristo, luz do mundo, do qual vimos, por quem vivemos, e para o qual caminhamos”.  Portanto, a Igreja será Lumen Gentium – Luz para os povos - enquanto irradiar Cristo – luz do mundo.  E como irradiamos Cristo se estivermos divididos?  A Lumen Gentium aponta, o que acabamos de ler no documento: “Pelo sacramento do pão eucarístico, ao mesmo tempo é representada e se realiza a unidade dos fiéis, que constituem um só corpo em Cristo” – frase essa embasada na Primeira Carta de São Paulo aos Coríntios, capitulo 10,versículo 17. É interessante lermos esse trecho bem contextualizado. Diz São Paulo assim: “Eu vos falo como a pessoas esclarecidas. Ponderai vós mesmos o que eu digo: O cálice da bênção, que abençoamos, não é comunhão com o sangue de Cristo? E o pão que partimos não é comunhão com o corpo de Cristo? Porque há um só pão, nós, embora muitos, somos um só corpo, pois todos participamos desse único pão”(1 Cor 10,15-17). E na comparação com a Igreja que é um corpo, São Paulo, no capitulo 12, aponta que todos nós bebemos no mesmo espírito, porque fomos todos batizados no mesmo Espírito (1Cor 12,13). Quer gregos, quer judeus, quer qualquer raça, povo ou nação, formamos um só corpo em Cristo, pelo água batismal que nos regenerou, pelo sangue derramado na cruz, pela único pão que partilhamos na Eucaristia”. 

(JE)








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