Dia dos povos indígenas: "Brasil deve educação e respeito aos seus"


Cidade do Vaticano (RV) – Nove de agosto é o dia dedicado aos povos indígenas pelas Nações Unidas, instituição aonde a partir de agora, os índios do Brasil têm representação. Com a obtenção do status consultivo, o Conselho Indigenista Missionário poderá assessorar a ONU, suas comissões e países sobre conflitos indígenas no Brasil.

O Cimi poderá ser requerido pelo Conselho, suas comissões ou por um de seus estados-membros na busca por informações especializadas. Também poderá enviar pareceres sobre assuntos e situações relacionadas aos povos indígenas no Brasil.

O Cimi é um organismo vinculado à Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), com mais de 40 anos de atuação entre as populações indígenas brasileiras. Seu presidente é o arcebispo de Porto Velho, Dom Roque Paloschi, entrevistado pela RV. Ouça:

Missionários e lideranças indígenas regaram a terra com seu sangue

“Nós acolhemos isto também como um fruto de toda uma história do CIMI de familiaridade e fidelidade à vida, à esperança, ao sofrimento e aos sonhos dos primeiros habitantes de nossa terra. Acolhemos isto também lembrando o sangue de tantos missionários e missionárias e de tantas lideranças indígenas que regaram as terras desta pátria-amada no sonho de uma terra sem males”.   

Reconhecimento não é um crachá

“Nós recebemos isto não para desfilarmos com um crachá, não para colocarmos nas paredes, mas para ser também para nós um apelo forte e constante a darmos continuidade à missão do CIMI e a esta aliança com os povos indígenas na luta sem trégua para defender seus direitos consolidados na Constituição brasileira e que, infelizmente, o próprio Estado não cumpre suas próprias leis. Isto tudo é para nós um caminho que não tem volta. Precisamos dar continuidade a este anseio de vida e paz, sobretudo na consciência de que eles querem viver com dignidade a sua história, seus sonhos e suas esperanças”. 

Tema do Dia Internacional 2016 chama à educação dos povos indígenas

“Por mais que a Constituição brasileira reze que os povos indígenas têm direito à educação diferenciada, nós vivemos no Brasil num ‘faz de conta’, aonde há recursos, mas mutas vezes mal usados para uma educação adequada às populações indígenas. A educação indígena necessita de uma retomada e acima de tudo de um grande respeito pelos povos originários que merecem da nação, do povo e do Estado brasileiro, para que possam desenvolver plenamente a sua cultura, suas tradições, seus costumes, sua espiritualidade e sua cosmovisão. Nós queremos continuar vivendo no nosso compromisso em prol da luta dos povos indígenas do Brasil, da América e do mundo”.

“O Papa tem sido muito enfático afirmando que eles são para nós caminho e solução para tantos problemas que nós enfrentamos. Queremos continuar vivendo e gastando nossas forças em prol da vida e da justiça destes povos”.

Em junho, Dom Roque em audiência com o Papa

“O Papa Francisco diz que é para nós continuarmos o trabalho, porque este trabalho revela o desejo da Igreja de estar junto daqueles que são os mais pobres dentre os pobres. Para frente, ‘adelante’!, para que a Igreja não se esqueça destes filhos prediletos que ela tem aqui no Brasil”.

(CM)








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