Judeus italianos: silêncio do Papa consegue comunicar a nossa tragédia


Roma (RV)  - Comoção, intensidade. Sentimentos com os quais os judeus italianos viveram os momentos do Papa Francisco nos Campos de Concentração de Auschwitz e Birkenau, imagens que tocaram pela força do silêncio.

A Rádio Vaticano ouviu a Presidente da União das Comunidades Judaicas Italianas (UCEI), Noemi Di Segni:

“Para quem representa o povo judaico, o povo massacrado no Campo de Auschwitz-Birkenau, ter uma atenção, um respeito assim importante por parte do Papa, que com o seu silêncio consegue comunicar a nossa tragédia e fazer com que se torne patrimônio de memória que deve ser de todos, é a mensagem mais importante destas imagens. Deste lugar assim terrificante, assim triste, assim isolado, chegam imagens de outros tempos. Hoje novas imagens dão, talvez, confiança de que mais alguém consiga recordar aquilo que houve, para que não ocorra mais. Portanto, realmente, grande paixão e apreço por esta forma de oração que o Papa escolheu, escolhendo uma linguagem universal e talvez fazendo falar quem viveu ou viu o mais terrível dos horrores”.

RV: As palavras fortes do Papa escritas no Livro de Honra de Auschwitz: “Senhor, tem piedade de Teu Povo; Senhor, perdoa tanta crueldade”...

“Este gesto do Papa é ainda maior se pensarmos, paradoxalmente, no mesmo silêncio nos anos terríveis do Holocausto, em que ocorreu o massacre. Assim, neste sentido, assim como o silêncio pode ser forte em um momento de oração, o silêncio foi um instrumento terrível. Acredito que também hoje cada um de nós, seguindo talvez o exemplo do Papa, deva interrogar-se de que modo os próprios gestos e os próprios silêncios ajudam ou não ajudam a melhorar o mundo, a resolver também pequenas situações cotidianas, isto para não falar apenas das grandes tragédias....”.

RV: O que a senhora sentiu diante destas imagens do Papa Francisco?

“Com extrema sinceridade: me causaram uma grande impressão as imagens que pude ver esta manhã, quando ele saiu do portão com a famosa inscrição do trabalho que nos torna livres. Causou-me uma grande, grande impressão, porque, de alguma maneira, quis representar que nem todos saíram por aquele portão, mas muitos entraram: um milhão e meio de pessoas.  Nós procuramos passar para os nossos filhos aquilo que aconteceu durante o Holocausto, mas não é fácil a didática ou este passar para as gerações futuras o Holocausto. E não podemos ser os únicos a fazê-lo, a nossa voz não deve ser levantada somente alguns dias ao longo do ano. Para todos nós, deve ser um momento de reflexão, é necessário conseguir realmente tirar do passado uma grande força, para tentar um futuro também de maneira concreta. É muito, muito importante que esteja ligado aos jovens este percurso que o Papa está realizando. O importante é que seja vivido como uma ligação entre as nossas religiões, partindo do massacre e da forte dor do povo judeu para compartilhá-lo por meio da força da comunicação e da oração”.

 

(JR/FS)








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