Hoje, primeira "Festa" litúrgica de Santa Maria Madalena


Cidade do Vaticano (RV) – A Igreja celebra pela primeira vez esta quinta-feira, 22 de julho, a “Festa” litúrgica da Maria Madalena, que até agora figurava no Calendário Romano como “memória obrigatória”.

Foi o Papa Francisco, em junho passado, a introduzir tal modificação, fixada por meio da Congregação para o Culto Divino e a Disciplina dos Sacramentos. No novo Prefácio da Missa se define “Apóstola dos Apóstolos”, aquela que por primeiro anunciou a Ressurreição de Jesus.

Pedro, a rocha. Tiago e João, os filhos do trovão. Não estavam eles, as pedras angulares da Igreja nascente, quando o indizível se manifesta a um ser humano. A olhar o rosto do Ressuscitado dos mortos, a sentir-se chamada pelo nome por Ele, estava ela, a mulher da qual haviam saído um dia sete demônios e no lugar deles entrou o céu.

Jesus, amor da vida

Maria Madalena – disse o Papa em uma das primeira missas celebradas na Capela da Casa Santa Marta – teve a graça das lágrimas. Aqueles derramadas sobre os pés de Jesus e enxugadas com os cabelos. As lágrimas que banharam a sua face diante daquele sepulcro vazio, onde não havia nem mesmo um corpo frio a ser honrado para dizer o último obrigado, o último ato em agradecimento pela imensidão do perdão que aplacou o vazio da escuridão. Porque Maria Madalena é a fé feita amor apaixonado, estranha aos sentimentos tépidos, a um coração dividido entre tantos. O seu é somente para o Mestre. “O amou enquanto viveu” e “o buscou quando jazia no sepulcro”, recita sobre ela uma antiga sequência do século XII.

A fé e a carne

Por isto Maria Madalena é a cristã modelo para todos. A dela, não uma fé mitificada por histórias angelicais, mas é uma fé de carne, autêntica até a medula: a experiência de uma pessoa que conhece Cristo, que sente dele a misericórdia que dissipa os fantasmas que a agitam e decide, a partir daquele momento, mudar para sempre a vida para segui-lo, sem voltar atrás para retomar o arado dos velhos hábitos.

Antecipação de ressurreição

Pode-se dizer que Maria de Magdala vê acender no próprio coração uma chama da ressureição que a deslumbrará mais adiante, do lado de fora do sepulcro, quando Jesus a chamará pelo nome e a enviará aos doze, fazendo-a – como afirma a nova forma litúrgica – a “Apóstola dos Apóstolos”.

A graça das lágrimas

Mesmo tendo vivido fora do sepulcro vazio o “momento de escuridão” na alma, o “fracasso”, Maria Madalena – havia observado Francisco – “não diz: ‘Fracassei neste caminho’”, mas “simplesmente chora”.

“Às vezes – havia continuado o Papa – os óculos para ver Jesus são as lágrimas”. “Todos nós, na nossa vida, sentimos alegria, tristeza, dor”, mas “nos momentos mais obscuros – havia perguntado – nós choramos? Tivemos aquela bondade das lágrimas que preparam os olhos para olhar, para ver o Senhor?”. Diante da Madalena que chora – havia concluído Francisco – “podemos também nós pedir ao Senhor a graça das lágrimas”.

(JE/AC)








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