Turquia no caminho de um regime autoritário: protesta Anistia Internacional


Ancara (RV) - Na Turquia continua e se amplia - seis dias após a fracassada tentativa de golpe - a repressão do governo, não só sobre os líderes do golpe e dissidentes, mas também sobre a população muito assustada. E, nada transpirou sobre a reunião do Conselho de Segurança Nacional, convocada ontem pelo Presidente Erdogan, que voltou pela primeira vez a Ancara, desde a última sexta-feira. Assim, cresce a preocupação no mundo pela direção autoritária tomada pelo governo, protesta a Anistia internacional.

“Vamos enforcar todos”, a ameaça está contida em uma faixa colocada na Praça Taksim, em Istambul, símbolo dos protestos contra o governo, hoje palco dos partidários do Presidente Erdogan, que pedem vingança contra os golpistas. E continuam as medidas repressivas: mais de 60 mil as pessoas atingidas; militares, juízes, advogados, policiais, funcionários públicos, jornalistas, professores e acadêmicos. Cerca de 10 mil foram detidos, incluindo o reitor da Universidade Gazi de Ancara. A Imprensa foi silenciada: 25 TVs, rádios, jornais e 20 sites fechados. Protesta a Anistia Internacional, que também denuncia torturas na sede da polícia de Ancara.

EUA negam apoio ao golpe

E enquanto os Estados Unidos negam qualquer apoio ao golpe e junto com a Europa pedem à Turquia que respeite as regras da democracia, “todos os dias novas medidas contradizem o estado de direito”, denunciou o porta-voz da chanceler alemã Merkel. Na Itália, o Conselho Superior da Magistratura suspendeu todas as relações com o homólogo Conselho turco que depôs mais de 2 mil juízes. Preocupação também em relação à situação se expressou o Conselho da Europa, enquanto a Federação Nacional da Imprensa Italiana manifestou na tarde desta quarta-feira perto da Embaixada da Turquia em Roma, contra o que é definida “ditadura colocada em ato por Erdogan”. Aos expurgos também respondeu o site Wikileaks colocando em rede cerca de 300 mil e-mails internos do partido AKP de Erdogan.

Única voz contrária à vingança é a do Grão Mufti Görmez, chefe do Departamento de Assuntos Religiosos, que pediu ao povo para permanecer unido, independentemente da "fé, ideias, abordagens e estilos de vida", fazendo votos de que “a nação proteja ... a liberdade e a democracia, bem como os valores morais e materiais”.

Sobre os riscos de uma islamização da sociedade turca a Rádio Vaticano conversou com o jornalista Alberto Rosselli especialista nesta área internacional…

R. - Certamente a Turquia de hoje está no caminho de uma radicalização islâmica e se vê a ascensão no país de um governo cada vez mais autocrático e pró-islâmico que, ao mesmo tempo, conjuga o nacionalismo étnico línguistico e a fé islâmica. Esses fenômenos têm raízes profundas que afundam em parte no longo conflito com as populações de outras origens que vivem na Turquia, e têm a ver com a ambígua política anti-IS de Ancara e na evidente política de islamização de Erdogan. Uma política que, no entanto, além de destruir sistematicamente um Estado laico fundado por Mustafa Ataturk, substitui o sonho laicista com outro sonho: o do Califado islâmico sunita. Esta atitude não faz nada nada mais do que agitar a parte mais radical do Islã presente na Turquia. (SP)








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