Papa em Auschwitz: novos documentos sepultam negacionismo


Roma (RV) – “São documentos que enterram qualquer versão de negacionismo. Nestes textos os próprios nazistas confessam que estão ampliando o Campo de Concentração de Auschwitz, construindo fornos crematórios e encomendando o letal gás Ziklon-B. Existe a prova comprovada de que estavam organizando um plano de extermínio em modo muito meticuloso. Não foram, porém, tão meticulosos assim aos destruir os documentos que demonstravam tudo isto, o que permite apreender novos elementos sobre a história do Holocausto”.

Às vésperas da visita do Papa Francisco ao Campo de Concentração de Auschwitz-Birkenau, em 29 de julho, o historiador Matteo Luigi Napolitano, docente de História das Relações Internacionais na Universidade dos Estudos de Molise e Delegado Internacional do Pontifício Comitê das Ciências Históricas, sublinha a importância do livro The beginnings of the extermination of Jews in KL Auschwitz in the light of the source material, publicado em polonês e inglês, precisamente do Museu Memorial de Auschwitz-Birkenau, em 2014.

Uma reconstrução que continua

“É um trabalho de grande valor histórico que o Museu Memorial está realizando há alguns anos, sobre aquelas que poderíamos definir como “fontes primárias”, explica o estudioso. “Trata-se de documentos que os nazistas não conseguiram destruir durante a precipitada fuga daquele Campo de Concentração, na chegada do Exército russo. Um material que é recolhido, inventariado e gradualmente disponibilizado para consulta de estudiosos”.

“Não esqueçamos que existe outro material – explica Matteo – como os efeitos pessoais dos deportados e das pessoas mortas nos campos, que deve ser ainda inventariado. Isto demonstra o quanto é delicado este trabalho de reconstrução histórica e historiográfica que está em vias de definição e está sendo realizado ainda hoje em Auschwitz”.

Trabalho útil para a humanidade

“Hoje – afirma o historiador – a corrente negacionista permanece forte em alguns ambientes. Menos entre os historiadores e entre a opinião pública mais atenta. Os negacionistas baseiam-se naquela que eles consideram a inconfiabilidade da memória, a instabilidade dos testemunhos, a ausência de uma documentação que comprove a determinação nazista de eliminar todos os judeus europeus. Sustentam que faltam as provas da existência das câmaras de gás e falta uma ordem específica de extermínio de massa por parte de Hitler. Partem da ideia que qualquer genocídio sempre exigiu uma ordem escrita, enquanto a história da humanidade demonstra que não é assim”.

“Todas estas afirmações – completa Prof. Napolitano – são, segundo o meu modesto parecer, desconstruídas pelos documentos de Auschwitz onde os próprios nazistas confessam as suas  transgressões”.

“Desejo que em breve os colegas do Museu Memorial de Auschwitz-Birkenau possam publicar novos trabalhos. Acredito que estejam fazendo um trabalho extremamente útil para toda a humanidade e em particular para os historiadores”.

Impossível confronto cultural

“É também verdade – conclui – que é impossível abrir um confronto cultural com o revisionismo e o negacionismo. Trata-se de posições que não contextualizam as várias fases do nazismo e supõe que todos os documentos alemães da época sejam sempre verdadeiros. E isto não é verdade. Não o é do ponto de vista diplomático, ideológico e da política interna, imaginemos se o possa ser em relação ao seu antissemitismo e à organização do extermínio dos judeus na Europa. Em muitos documentos a verdade é frequentemente escondida, omitida e é desmentida em outros arquivos”.

 

(JE/FC) 








All the contents on this site are copyrighted ©.