2016-07-15 16:12:00

Sul do Sudão: reina uma acalmia frágil - P. Raimundo Rocha


9 de Julho de 2016: 5º aniversário da independência do Sul do Sudão. Estava já previsto que não houvesse festa pública, pois o país está em dificuldades económicas. Mas não se previa que o dia fosse de conflito aberto com armas pesadas na capital Juba, entre representantes do Presidente Salva Kir e do Vice-Presidente Riek Machar, agora na oposição. 

O conflito desencadeou-se no dia 8, não se sabe bem por que motivo, e provocou logo uns 270 mortos, solados e civis. Mas muitos consideram que isto é só a ponta do iceberg. 

Entretanto, segunda-feira, as duas partes declararam cessar-fogo. Reina agora uma frágil acalmia que só poderá reforçar-se e traduzir-se numa paz durável se as partes enveredarem pelo caminho do diálogo e puserem em prática o acordo de paz assinado em Agosto de 2015, na sequência de um outro conflito armado que se tinha desencadeado em finais de 2013.

De momento a população está revoltada e desiludida quanto à capacidade e boa vontade dos seus líderes de pôr em prática as promessas de justiça, liberdade e prosperidade,  prometidas no momento da independência a 9 de Julho de 2011.

Contactado telefonicamente nesta sexta-feira, 15 de Julho de manhã, o missionário comboniano, P. Raimundo da Rocha Santos confirmou-nos a partir de Juba, que o ambiente é calmo, que se está a voltar devagar, devagar à normalidade, mas que tudo permanece muito frágil.

A Cruz vermelha está a recolher os cadáveres das ruas e pensa-se que os mortos sejam cerca de mil.  

Entretanto os estrangeiros continuam a abandonar o país, mas os sul-sudaneses, sobretudo homens, estão proibidos de o fazer e são bloqueados nas fronteiras. 

O conflito que, segundo o P. Raimundo, é uma luta pelo poder, não está, todavia, isento de laivos étnicos.

P. Raimundo tece ainda considerações acerca da suposta necessidade de uma força de paz internacional mais forte, mas sublinha que o Presidente Salva Kir recusa-se categoricamente a aceitar ulteriores soldados de fora. 

Quanto à Igreja, diz o missionário, tem estimulado sempre à paz e este sábado 16 de julho haverá, em Juba, um encontro ecuménico de oração pelo país. Estava previsto para o dia da independência e não teve lugar devido ao conflito. Agora será também um momento para reflectirem sobre a situação actual. 

Paralelamente, no plano politico, continua o esforço dos países da região, para o diálogo entre as partes desavindas.

Conheça melhor a situação, ouvindo aqui a entrevista com o P. Raimundo Rocha dos Santos. 

(DA) 

 








All the contents on this site are copyrighted ©.