Bispo de Nice: carnificina chocante, realmente um escândalo


Nice (RV) - A Conferência Episcopal Francesa convida todos os católicos a rezar, no próximo domingo (17/07), pelas vítimas do atentado perpetrado em Nice, sul da França, nesta quinta-feira (14/07).

A nossa emissora entrevistou o Bispo de Nice, Dom André Marceau, sobre essa tragédia. 

Dom Marceau: “O meu sentimento é um sentimento de choque, um sentimento de medo enorme, um sentimento de incompreensão. Este é um daqueles gestos loucos que podem nascer no coração dos homens, e aqui de um homem. Mas como é racionalmente possível que um ser humano possa ser autor de uma tal carnificina? O homem não foi feito para a morte. Não foi feito para causar a morte! Isso para mim é realmente um escândalo! É o mesmo sentimento de muitos dos quais hoje temos testemunhos chocantes, que foram testemunhas, que estavam no local deste atentado. Depois, há um sentimento de compaixão e proximidade. É necessário, porém, convidar todos a não permanecerem fechados e isolados neste escândalo do mal, que é chocante e que pode talvez suscitar ódio, incompreensão e fechamentos. É preciso evitar isso a todo custo! Portanto, a minha mensagem é convidar as pessoas a estarem próximas umas das outras, a falar e se encontrar. Em nossas igrejas faremos uma oração contínua para ajudar as pessoas a se colocarem nas mãos de Deus que é a fonte do amor. Que as pessoas tenham a coragem de ouvir o grito dos corações, o grito do sofrimento, o grito de sua incompreensão.”

Neste momento, qual é a relação entre as várias confissões religiosas em Nice?

Dom Marceau: “Na diocese, há uma grande proximidade entre as grandes comunidades religiosas, entre cristãos de todas as denominações, muçulmanos e judeus. Realizamos encontros regulares e publicamos também ações comuns sobre acontecimentos que feriram a sociedade. Isso se verificou na ocasião do assassinato de um jornalista em Argel, natural de Nice. Organizamos junto com as autoridades locais manifestações públicas para sublinhar bem o que o Santo Padre nos pede: a unidade para testemunhar a misericórdia de Deus e que aquilo que acontece não representa certamente o rosto de Deus. Nós, em nossa diocese, temos a tradição da proximidade e colaboração. Nestes momentos difíceis procuramos mostrar o rosto misericordioso de Deus. Certamente, junto com as autoridades, organizaremos manifestações e celebrações, junto também com as grandes comunidades religiosas. Obviamente, os cristãos estarão juntos na oração.”

Há corações destruídos, corações feridos, famílias destruídas: o que dizer?

Dom Marceau: “Acredito que seja a palavra do coração, a palavra da proximidade. É necessário estar próximo, junto a estas pessoas. Sei bem que muitas vezes as palavras não servem ou não são suficientes, porque existe o sofrimento, porque o sofrimento é muito forte: vidas foram ceifadas, vidas de muitas crianças foram destruídas, de muitos jovens e casais. Acredito que somente a nossa proximidade possa dizer-lhes que estamos com eles, que estamos presentes, que estamos juntos. Estamos com vocês, sobretudo se as pessoas estão de alguma forma isoladas, porque o sofrimento muitas vezes é mais forte. Acredito que a nossa palavra principal seja proximidade: estar próximo significa também ter a coragem de pegar a mão da pessoa, porque as palavras muitas vezes não podem ser compreendidas. É muito difícil, mas nós estamos aqui!” (MJ)

 

 

 

 








All the contents on this site are copyrighted ©.