Israel: punição para quem se opuser ao alistamento no exército


Jerusalém (RV) – O Comitê sobre a Constituição, a Lei e a Justiça do Parlamento israelense aprovou um esboço de lei que prevê penas - que podem até mesmo levar à prisão - para quem tenta dissuadir os árabes cidadãos de Israel de alistarem-se no exército israelense.

A votação do Comitê parlamentar, anunciado pela imprensa israelense no último domingo, ocorreu na ausência de muitos parlamentares árabe-muçulmanos, membros da Comissão, ainda não retornados do período de festa a eles concedido por ocasião do fim do Ramadã.

O esboço de lei, patrocinado por parlamentares do Likud, deverá ser submetido à votação da Assembleia parlamentar. Segundo os críticos, a lei quer também obstruir por via jurídica o debate sobre o ingresso de árabes-cristãos como voluntários nos corpos militares do Exército com a estrela de Davi.

No esboço – que usou uma linguagem considerada por muitos como ambígua – são previstas penas, também de detenção, para quem “incitar à omissão dos compromissos militares”, uma fórmula que pode ser usada em relação a qualquer crítica ou qualquer tentativa verbal voltada a persuadir alguém a não alistar-se como voluntário no Exército israelense.

Segundo a International Fellowship of Christians and Jews - fundada em 1983 pelo Rabino Yechiel Eckstein para promover a compreensão e a amizade entre cristãos e judeus - o número de cristãos árabes alistados como voluntários no Exército está em constante aumento. Passaram de 40 recrutas em 2012 para 102 em março de 2015.

As regras atualmente em vigor em Israel preveem o alistamento obrigatório somente para a população judaica e para os drusos do sexo masculino. Os cristãos e os beduínos podem alistar-se voluntariamente.

Já em julho de 2013, um documento publicado pela Comissão Justiça e Paz – organismo ligado à Assembleia dos Bispos Ordinários Católicos da Terra Santa – havia oferecido critérios de discernimento sobre a questão do alistamento dos árabes-cristãos no Exército israelense.

Segundo os redatores do documento, o Exército israelense é usado como “uma instituição que promove coesão social” e um “lugar chave” para envolver os cidadãos no projeto nacional “assim como é concebido pelas autoridades, isto é, promovendo Israel como um Estado nacional judaico”.

Nesta perspectiva – lia-se entre outros no texto publicado pela Comissão Justiça e Paz atuante na Terra Santa – “falar de alistamento dos cristãos-árabes antes que dos árabes em geral – muçulmanos e cristãos – é claramente uma tentativa de introduzir uma fenda entre cristãos e muçulmanos em Israel”. (JE/Fides)








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