Povoados libertados do EI viram escombros, diz Ajuda à Igreja que Sofre


Bagdá (RV) -  Restaram apenas escombros em Telskuf, povoado iraquiano a cerca de 30km de Mosul, libertado em maio do controle do autoproclamado Estado Islâmico. A constatação é de uma delegação da Ajuda à Igreja que Sofre (AIS) que visitou a localidade nos dias passados e desde junho de 2014 já destinou 20 milhões de euros a ações realizadas no Iraque

Todos os habitantes, incluídos os mais de 12 mil cristãos que ali viviam, deixaram as suas casas há mais de dois anos, quando grupos jihadistas conquistaram extensas áreas da Planície do Nívive. Os cristãos da região estão refugiados em Irbil, capital do Curdistão iraquiano e em Alqosh, cidade cristã poupada das violências.

O EI continua a perder terreno, após a pesada derrota nas últimas semanas com a perda de Falluja. Segundo uma análise do Centro de Estudos britânicos IHS, o autoproclamado Estado Islâmico perdeu na primeira metade de 2016, 12% do território que controlava na Síria e Iraque. E neste contexto, cenários como o encontrado em Telskuf tornam-se cada vez mais frequentes, como explica à Rádio Vaticano  o Diretor da Ajuda à Igreja que Sofre - Itália, Alessandro Monteduro:

"Nesta avançada, quer por parte do exército do governo iraquiano, como por parte das tropas pershmerga curdas, alguns territórios, algumas cidades, alguns povoados estão sendo reconquistados. Mais do que frequentes, estes cenários são uma regra fixa, no sentido de que, onde se consegue entrar, se assiste a cenários apocalípticos: se encontra somente escombros. E aqui não está em discussão o fato de que tenham sido incendiados automóveis ou que se encontrem furos de projéteis nas paredes. Se encontram destruídas as casas das pessoas e os locais de culto, os locais de oração, se encontram decapitadas as estátuas sagradas e as imagens de Nossa Senhora, porque na loucura e no fanatismo cego das tropas do Califado islâmico, o objetivo - no momento em que os territórios são ocupados - é o de expulsar todas as minorias religiosas, e os cristãos antes de tudo, com o fim de erradicar totalmente este ou aquele grupo do próprio território. Devem ser eliminados os traços destes grupos: devem ser queimados os livros, devastados os lugares de culto, em alguns casos as igrejas foram transformadas em mesquitas e existem imagens de cruzes derrubadas, substituídas por bandeiras pretas do Califado islâmico. É o que se está encontrando sistematicamente nos território que vão sendo libertados".

RV: No caso de Telskuf, há dois anos mais de 12 mil cristãos da região se refugiaram em Irbil e em Alqosh. O que eles contam?

"Estive em Irbil há poucas semanas. Falam dos momentos nos quais todos tiveram que amadurecer a decisão de fugir, de escapar, de deixar as suas vidas para poder salvar as próprias famílias. A alternativa era converter-se ao Islã - e portanto, renegar as próprias raízes e a própria identidade religiosa - ou a morte".

RV: Também graças à Ajuda à Igreja que Sofre, que realizou muitas ações, doando escolas pré-fabricadas, víveres, assistência médica. Como vivem estas pessoas?

"Existem luzes e sombras. As luzes são representadas certamente, à distância de dois anos, pelo fato de que graças exclusivamente à Igreja local, tiveram a possibilidade de inserirem-se, e diria mesmo de integrarem-se, por exemplo, no tecido daquela que é a comunidade de Irbil. A integração ocorreu antes de tudo graças à "Voz escola": 7 mil crianças, entre Irbil e as regiões fronteiriças, tiveram a possibilidade de retomar os estudos e o fazem em escolas maravilhosas e com um corpo didático excelente. Penso, por exemplo, na colaboração com as Irmãs da Congregação de Santa Catarina, em Irbil. Vivem todavia, porém - e estas são as sombras - em condições um pouco desconfortáveis, porque vivem, quem sabe, 8 pessoas em um contêiner cem 18 a 20 metros quadrados na melhor das hipóteses; ou vivem em casas alugadas com apenas dois banheiros e três famílias alojadas, portanto cerca de 20 pessoas mais ou menos. Vivem em condições ainda desconfortáveis, mas com um espírito, um sorriso e uma fé inquebrantáveis e têm um só desejo: voltar para as suas casas".

RV: As últimas informações indicam que o autoproclamado Estado Islâmico estaria perdendo terreno. Como estas pessoas recebem estas notícias?

"Talvez não acreditassem nisto, há alguns meses. Não que se possa imaginar em breve espaço de tempo o retorno a Mossul, o bastião deste autoproclamado Estado Islâmico, porém está claro que as derrotas que no campo de batalha estão sofrendo os homens do Califado, marcam e concretizam a esperança". (JE/GA)








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