Além da ameaça: índios no Brasil estão sendo eliminados


Cidade do Vaticano (RV) – Neste mês de julho, Francisco pede que nos unamos a ele em oração “para que os povos indígenas, ameaçados na sua identidade e existência, sejam respeitados”.

Sobre esta intenção, vamos ouvir o comentário do Presidente do Conselho Indigenista Missionário (CIMI), Dom Roque Paloschi, Arcebispo de Porto Velho (RO).

Nós queremos louvar e bendizer a Deus por este convite que o Papa faz a toda a Igreja. Para conjugar ações e esforços no sentido de podermos ser solidários, fraterno e, acima de tudo, estender a nossa mão, abrir nosso coração, diante desta realidade tão gritante do planeta. Realidade em que os povos originários não são respeitados na sua dignidade, nos seus sonhos, nas suas culturas, nas suas tradições. Onde o avanço do "chamado" desenvolvimento não é capaz de perceber valores no modo de vida destas populações. Que é o nosso grande pecado: não perceber o sinal de Deus tão forte no meio dos povos indígenas. 

Situação no Brasil

Muitos mais do que ameaçados, eles estão sendo eliminados. A História do Brasil é uma História de eliminação, de "desindianizar" os índios. Nós podemos ver o número de indígenas que nós havíamos no século XVI e hoje. Nós podemos ver a realidade que são vistos como pessoas de segunda classe, sem cultura, sem perspectivas, onde os seus Direitos - assegurados pela Constituição - lhe são negados. Onde a violência, por meio da grande mídia, das forças paramilitares, e o próprio descaso do Governo, ameaça. É lamentável no Brasil sobretudo a invasão das áreas das terras indígenas, é lamentável a indiferença na questão da educação indígena, e também o sofrimento muito grande: o número de suicídio de jovens nas comunidades indígenas do brasil. É um pecado que nós temos e precisamos ter essa consciência de superar essa mentalidade. 

Relatório da violência

O Santo Padre recebeu com muito carinho, as fotos mostram o sorriso e a gratidão também pelo empenho da Igreja no Brasil em se colocar ao lado dos povos indígenas. O Papa incentivou para que o Conselho Indigenista Missionário cumpra sua missão profética de defesa da vida e da criação e, sobretudo, dos povos indígenas. O Papa diz que precisamos ir para frente - adelante - para que, verdadeiramente, a Igreja não se omita nessa sua missão de ser a presença do consolo e da misericórdia da voz que se conjuga com os esforços deles para que eles tenham vida, vida em abundância. 

Carta

Cinco coisas da carta: dois agradecimentos, pela minha nomeação de Bispo de Porto Velho, também pelo apoio que o Santo Padre dá à Comissão Episcopal da Amazônia, à REPAM, e ao CIMI. Depois, nós colocávamos a realidade dos povos indígenas do Brasil e também denunciando a realidade sofrida do povo Guarani-Kaiowá. Há também especialistas e estudiosos que digam que é um genocídio dos povos indígenas no Brasil. Ou etnocídio. Há divergências. Nós também fazemos um convite ao Papa que ao retornar ao Brasil - ele que teve seu coração "roubado" na JMJ do Rio - que ele vá reencontrar nos 300 anos Aparecida o seu coração que ficou no Brasil, mas que amplie também esse coração amoroso, generoso, junto às comunidades indígenas, visitando ao menos duas comunidades indígenas como sinal da sua paternidade, da sua ternura, da sua vontade de estar realmente de estar ao lado destes primeiras habitantes da Ameríndia. E, por último, pedimos uma grande bênção aos povos indígenas, aos missionários, para que verdadeiramente possamos ver sinais de Deus no meio destes povos.

(bf)








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