Bispos franceses publicam relatório sobre ação da Igreja nas periferias


Paris (RV) - Periferias: uma preocupação para todos. Com essas palavras, o Papa Francisco sabe unir os franceses em torno de um mesmo ideal. Desse modo, seu convite a ir às periferias geográficas, sociais e existenciais é ouvido, para além dos âmbitos católicos, pelo conjunto da população.

Essa é uma das conclusões de um Relatório que acaba de ser publicado pela Conferência Episcopal Francesa (CEF), no qual se avalia a ação da Igreja no país em favor das pessoas que vivem às margens geográficas e existenciais da sociedade.

Intitulado “Igreja na periferia”, o documento busca mostrar, de um lado, as expectativas em relação à Igreja, e, de outro, a diversidade do público que ela alcança – refere o jornal vaticano “L’Oservatore Romano”.

A reação dos franceses aos pronunciamentos do Papa Francisco sobre as periferias

Os resultados de uma sondagem realizada em nível nacional em março passado – que ocupam boa parte do Relatório – revelam a percepção que os franceses têm dos pronunciamentos mais conhecidos do Papa Francisco.

Para as pessoas entrevistadas, o discurso pronunciado em 17 de junho de 2013 ao término do ano pastoral na Diocese de Roma, no qual o Santo Padre encorajava a “ir às periferias”, é um apelo a ir de modo prioritário até as pessoas excluídas da sociedade: os sem-teto, as pessoas anciãs ou aquelas que vivem sozinhas.

E o apelo é para todos, católicos e não católicos. Em seguida, coloca-se a ação nos bairros populares, entre aqueles que não são membros da Igreja ou que se distanciaram dela, e, por fim, na zona rural.

Para dois terços dos franceses a Igreja não está suficientemente presente nas periferias

Ademais, a avaliação dos bispos mostra que para dois terços dos franceses a Igreja não está suficientemente presente nas periferias, sobretudo nos ambientes populares. Ademais, 69% consideram que a Igreja deveria agir mais em colaboração com as outras associações e os atores locais.

Outro dado significativo é que somente 40% das pessoas entrevistadas consideram importantes as atividades ligadas à fé e ao culto da Igreja. Os franceses esperam da Igreja que ela assegure, em primeiro lugar, uma missão social.

A grande diversidade das ações promovidas pela Igreja francesa em favor dos excluídos

A segunda parte do documento apresenta a grande diversidade das ações promovidas pela Igreja na França, entre as quais a instrução para crianças migrantes, o serviço oferecido aos doentes; o acolhimento dado nas paróquias a famílias de refugiados iraquianos.

Ao mesmo tempo, evidencia, em âmbito rural, o auxílio a pessoas necessitadas de cuidados especiais e, nos bairros mais pobres, o empenho no diálogo com membros de outras confissões.

Contudo, “mesmo antes do apelo do Papa Francisco já íamos às periferias geográficas e existenciais, mediante micro iniciativas, pouco visíveis, mas eficazes, que se quer dar maior visibilidade”, comentou o bispo de Saint-Denis (região parisiense) e vice-presidente da Conferência Episcopal Francesa, Dom Pascal Delannoy, durante a apresentação do documento.

O prelado diz ter consciência de que se “o fazer” é a dimensão mais visível, em todo caso, é o Espírito Santo que age nas pessoas que atuam. Os bispos observam que tudo isso tem levado adultos a pedirem o Batismo.

A urgência de colocar em comum aquilo que já existe

Outro mérito do documento é mostrar que na França a ação social da Igreja é “por demais constituída de iniciativas solitárias”, reconheceu o secretário geral adjunto do episcopado local, Pe. Pierre-Yves Pecqueux, ressaltando a urgência de “colocar em comum aquilo que já existe e de partilhar os talentos”.

Dom Delannoy precisou, porém, que “é preciso evitar a tentação de uma Igreja centralizadora” que se esconde “atrás desse convite”.

O último objetivo é identificar as periferias nas quais a Igreja ainda é esperada com impaciência, colocando sempre em primeiro lugar o princípio fundamental de toda e qualquer ação a favor das periferias: passar de uma lógica distributiva a uma lógica participativa.

Trata-se de um belo desafio para a Igreja francesa, desafio que deve constituir um eixo prioritário daquela obra de evangelização em âmbito popular iniciada em 2014 pela Assembleia Plenária dos Bispos. (RL / L’Osservatore Romano)








All the contents on this site are copyrighted ©.