Mato Grosso: ontem desmatamento, hoje agronegócio


Cidade do Vaticano (RV) – Como Presidente da Comissão Episcopal para a Amazônia, ligada à Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), o Cardeal Cláudio Hummes já visitou 34 circunscrições eclesiásticas da região, entre dioceses e prelazias. Em julho, estão marcadas duas outras visitas: Grajaú e Caxias, no estado do Maranhão.

Em junho, Dom Cláudio esteve no norte de Mato Grosso, em três dioceses: Juína, Sinop e Diamantino. A região é a maior do Brasil no agronegócio. Grandes propriedades monocultoras modernas empregam tecnologia avançada e pouca mão de obra; a produção é voltada principalmente para o mercado externo ou para as agroindústrias, com finalidade de lucro.

O estado é o maior produtor de soja e algodão em pluma, o segundo maior produtor de arroz, quinto produtor de cana-de-açúcar e sétimo de milho. O rebanho bovino tem crescido rapidamente e MT já possui o maior rebanho de corte do país.

É grande a preocupação ambiental, entre as comunidades, sobre a maneira em que é feita esta produção agrícola e agropecuária. O relato de Dom Cláudio:

“Estas três dioceses no norte do Mato Grosso têm uma característica muito especial, porque aquela é a região do agronegócio. Toda a imensa região é também um imenso campo de produção de soja, gado, milho, algodão, girassol e assim por diante. É o grande agronegócio do Brasil. É uma região também muito questionada sobre seu passado, porque ela foi desmatada para o agronegócio. Houve grandes movimentos de colonização de governos anteriores, pelos militares, que abriram aquela área toda. Então muitas questões se colocam sobre como foi feito este desmatamento no passado. Atualmente, a questão é como se está fazendo esta agricultura, esta agropecuária, como está se procedendo e com que cuidados. Há de fato uma preocupação ambiental? Cuida-se de fazer uma agricultura sustentável?”.

“Eu sempre insisto que a Igreja tem tudo a ver com isto, porque o Papa na encíclica Laudato si, convoca a Igreja a participar deste grande desafio meio ambiental e climático, porque isto tem uma dimensão religiosa e ética, como o Papa coloca muito bem. Então a Igreja não fala em área alheia, não. Isto faz parte da missão da Igreja e da evangelização ali. E os 3 bispos daquelas dioceses são muito conscientes disso, são muito valentes, ativos e dinâmicos, acompanhando esta difícil problemática ali na região”.

“Há ainda bastante floresta, por exemplo, na diocese de Juína há ainda mais de 60% de floresta e muitas regiões demarcadas para os indígenas. Em Juína visitei uma área de comunidades indígenas. Este é outro desafio diferente, embora tudo esteja ligado... porque se trata de como a Igreja vai fazer a sua evangelização de forma que seja inculturada na história, na identidade, na cultura dos indígenas. Este também é um percurso onde temos muito ainda o que fazer”.

(CM)








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