Mártires coptas, testemunho de fé que interpela


Roma (RV) - Os cristãos coptas assassinados na Líbia pelo autoproclamado Estado Islâmico são Santos mártires, "doutores de coerência cristã, testemunhos de fé". Assim o Papa Francisco recordava - ao visitar há poucos dias a Villa Nazareth, em Roma - o martírio dos 21 cristãos coptas degolados em fevereiro de 2015 em uma praia.

Recentemente o Padre Paolo Asolan, docente de Teologia Pastoral no Instituto Redemptor Hominis da Pontifícia Universidade Lateranense, encontrou no Egito a família de Milad, um dos coptas barbaramente assassinados pelos jihadistas. O docente da Lateranense visitou numerosas realidades cristãs no Egito no âmbito de uma reorganização da própria pastoral por parte da Província dos Frades Menores. Eis o que contou aos microfones da Rádio Vaticano:

"Fui visitar diversas realidades, quer cristão-católicas como coptas, e no contexto destas comunidades  coptas, a cidade da qual eram provenientes 15 dos mártires degolados na beira-mar, na Líbia".

RV: O senhor teve uma experiência de encontro muito forte, precisamente com a família de um dos coptas mártires assassinados pelo Isis...

"Sim, a família de Milad, que no vídeo é aquele que se vê por primeiro, enquanto reza esperando, precisamente, que se cumpra a execução. Tinha uma mulher e um filho, que agora tem três anos, mais a mãe e o pai, e como acontece nestas famílias, trata-se de uma família "ampliada": existem as irmãs da mulher... Nesta pequena comunidade, onde, entre outras coisas, o Estado egípcio está construindo uma igreja em honra aos mártires, vivem 15 famílias que têm um mártir em casa".

RV: O que lhe tocou no encontro com estas famílias?

"A primeira coisa, impressionante, é a familiaridade que eles têm com a própria ideia de martírio, isto é, que a sua ligação de Batismo com Jesus não é somente uma ligação de água, mas também uma ligação de sangue, motivo pelo qual, num certo sentido, preveem ou levam em consideração esta possibilidade, e a tem em consideração como uma espécie de sinal de amor, por parte do Senhor. Esta é a coisa mais comovente. A segunda, é que a fé se preserva - ou, se preservou - naquele contexto tão difícil, quer por esta força do martírio, quer por outra forma de martírio, que é o monaquismo, muito presente especialmente no deserto. Por outro lado, o monaquismo nasceu com Santo Antão, no deserto de Tebe (ndr - Santo Antão do Deserto). Causa uma forte impressão a liberdade com que usam expressões como, "entre o ter a vida e dá-la ao Senhor, melhor dá-la ao Senhor". Também perguntei à mãe do Milad o que  sentiu, o que foi dito no momento em que viu o vídeo e a morte do filho, e ela dizia que certamente a coisa mais dolorosa para uma mãe é perder um filho, mas não existe um gesto de maior amor que se possa fazer pelo Senhor, que dar a própria vida por Ele".

RV: Na recente visita à Villa Nazareth, o Papa Francisco recordou precisamente os cristãos coptas assassinados pelo Isis na Líbia. É fundamental que não se esqueça nunca destes mártires...

"Sim. Por um lado, acredito que eles tenham a necessidade de sentir que nós os apoiamos; por outro, a natureza, mas também a totalidade desta fé, deste amor que exprimem também assim. Efetivamente, cura muitas das nossas perplexidades, das nossas dúvidas! Existe um mistério de perseguição de Cristo que continua também nos seus membros. E depois existe também este aspecto: trata-se de famílias, de gente muito simples, que vive a fé como o pão cotidiano. Num certo sentido, é verdade que o Senhor se revela aos simples e aos pequenos, e portanto a força deste testemunho - também marcado pela dor, que todavia era uma dor recolhida, custodiada precisamente pela consolação - tem um sentido também íntimo e profundo, que eles acolhem". (JE/AG)








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