2016-06-28 17:51:00

Bartolomeu I: diálogo na caridade leva ao enriquecimento espiritual


O compromisso ecumênico na defesa das minorias perseguidas e a importância dos princípios cristãos diante da crise dos migrantes e refugiados. Estas foram as duas passagens-chave da carta enviada ao Papa pelo Patriarca Ortodoxo Ecumênico, Bartolomeu I. A missiva foi entregue ao Pontífice na manhã desta terça-feira, durante a audiência concedida à delegação do Patriarcado Ecumênico de Constantinopla. 

“As nossas Igrejas escutam o grito das vítimas de violência e fanatismo, discriminações e perseguições, injustiças sociais, pobreza e fome”, escreve Bartolomeu na carta ao Papa, recordando “com profunda gratidão” o encontro realizado em Lesbos, em 16 de abril passado. Um encontro – sublinha o Patriarca – que teve o objetivo de oferecer “apoio aos migrantes e refugiados, dando a eles coragem e esperanças”, mas também defender  “a necessidade de garantir uma solução pacífica diante da maior crise humanitária desde os tempos da II Guerra Mundial, cujas vítimas contam também populações cristãs”.

Civilização europeia não pode ser compreendida sem raízes cristãs

Em particular, Bartolomeu lança um olhar para a Europa: “A atual crise dos migrantes e dos refugiados – afirma – demonstrou a necessidade, para as nações europeias, de enfrentar o problema com base nos princípios cristãos de fraternidade e justiça social”. Neste sentido, o chamado para reconhecer  que “a civilização europeia não pode ser entendida sem fazer referência às suas raízes cristãs”, porque “o seu futuro não pode ser uma sociedade inteiramente secularizada ou sujeita exclusivamente à economia ou ao fundamentalismo”. De fato – explica Bartolomeu –“a cultura da solidariedade alimentada pela cristandade não se preserva por meio do progresso da internet e da globalização”.

Caminho ecumênico, diálogo de verdade na caridade

Em seguida, o Patriarca invoca o empenho ecumênico para o bem da humanidade, para sua liberdade, em contraste contra o mal social e no esforço de fazer prevalecer a justiça e a paz. Um compromisso comum que constitui “um bom testemunho para a Igreja de Cristo – escreve Bartolomeu – fortalecendo as recíprocas responsabilidades espirituais diante dos desafios contemporâneos”.

Quanto ao caminho rumo à unidade de ortodoxos e católicos, o Patriarca afirma que o diálogo na caridade “confirma os comuns modelos cristãos” e leva “ao conhecimento teológico, à experiência ecumênica e ao recíproco enriquecimento espiritual”.

Conversão ecológica para salvaguardar a criação

Outro ponto central da mensagem é a salvaguarda da criação, tema muito caro também ao Patriarca Ecumênico, cujo compromisso também é recordado pelo Papa Francisco na “Encíclica Laudato Si, sobre o cuidado da casa comum”. Bartolomeu sublinha “as causas espirituais e morais da crise ecológica atual” e alerta para a necessidade de “uma mudança radical de atitudes” para encontrar uma solução.

Oração pelo êxito do Sínodo Pan-Ortodoxo

Olhando, então, ao Sínodo pan-ortodoxa recém concluído em Creta, Bartolomeu pediu ao Papa para rezar por "um resultado frutuoso de tal encontro", o primeiro depois de mais de um mil de anos. Finalmente, o Patriarca reza a Deus para que fortaleça o Papa "para o bem da Igreja e a unidade dos cristãos, em benefício da humanidade tão perturbada". (JE/IP)








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