LG: A Igreja como corpo e esposa de Cristo


Cidade do Vaticano (RV) - No nosso espaço Memória Histórica - 50 anos do Concílio Vaticano II, vamos continuar a tratar no programa de hoje da Constituição dogmática Lumen Gentium.

Os 50 anos de conclusão do Concílio Vaticano II foram a fonte inspiradora do Frei Raniero Cantalamessa para as reflexões do retiro de Advento de 2015 e Quaresma de 2016 propostas ao Papa Francisco e à Cúria. Na edição de hoje de nosso programa, o Padre Gerson Schmidt nos traz alguns comentários sobre a meditação do Pregador da Casa Pontifícia sobre a Lumen Gentium: A Igreja, corpo e esposa de Cristo:

"O pregador da Casa Pontifícia, Ramiero Cantalamessa, no Advento do ano passado fez três grandes e ricas reflexões sobre a Lumen Gentium. Queremos aqui explorar essa reflexões que foram feitas ao Papa e à casa pontifícia. Aliás, as pregações do advento do ano passado e da quaresma desse ano por Cantalamessa contemplaram o cinquentenário do Concilio com as importantes contribuições das Constituições Dogmáticas e Pastorais, sob o enfoque da espiritualidade.

Cantalamessa dedicou as três meditações de Advento à Lumen Gentium, deixando os demais para a próxima quaresma. Os três temas da Constituição sobre os quais ele refletiu são: a Igreja corpo e esposa de Cristo, a chamada universal à santidade e a doutrina sobre a Virgem Maria. Vamos comentar aqui alguns pontos. Nos detemos ao primeiro ponto da Lumem Gentium: A Igreja, corpo e esposa de Cristo.

Já falamos aqui de que a grande imagem da Igreja utilizada pela Lumen Gentium é a Igreja como Povo de Deus, que caminha, rumo a pátria definitiva. O povo de Deus no deserto foi protótipo de um novo povo agora que caminha para a Verdadeira terra prometida, não só projetada para o futuro, mas para o Reino de Deus, já presente no meio de nós, a ser desejado, como na oração do Pai Nosso pedimos, a ser construído, com a força do Espírito Santo.

A outra comparação e imagem que a Lumen Gentium utiliza da Igreja é essa destacada por Cantalamessa nessa preparatória do Advento último: A Igreja, corpo e esposa de Cristo. O pregador da Casa Pontifícia faz uma releitura cristológica da Lumen Gentium. E partiu de uma constatação. São palavras de Cantalamessa: “sobre o concílio tem-se falado e escrito muito, mas quase sempre pelas suas implicações doutrinais e pastorais; poucas vezes por causa dos seus conteúdos especificamente espirituais. Portanto, eu gostaria de focar exclusivamente nesses, procurando ver o que o Concílio ainda tem a dizer-nos como textos de espiritualidade, úteis para a edificação da fé”. Chama a atenção para o primeiro parágrafo fundamental que deu origem a nome do documento dogmático: LUMEM – LUZ; GENTIUM – POVOS... Mas chama a atenção que esta expressão não é atribuída à igreja como sempre se pensa ou pensou, mas a Cristo, luz dos povos.

O começo da constituição no texto latino diz assim: “Lumen gentium cum sit Christus…”, “Sendo Cristo a luz dos povos…”. Ter pego como título da constituição só a primeira parte da frase faz pensar que o título “luz dos povos” fizesse referência à Igreja, enquanto que o texto, como se pode ver, refere-se a Cristo. É o título com o qual o velho Simeão saudou o Messias criança, levado por Maria e José ao templo: “Luz dos povos e glória do seu povo Israel” (Lc 2, 32). E aí muda também nosso enfoque. A Igreja será sempre luz para os povos, enquanto anunciar a Cristo, verdadeira luz das nações.

A reflexão de Cantalamessa é pertinente. Ele diz: “Aquela frase inicial contém a chave para interpretar toda a eclesiologia do Vaticano II. Essa é uma eclesiologia cristológica, e, portanto, espiritual e mística, antes que social e institucional. Não se trata, no entanto, de uma relação entre antes e depois, entre mais e menos; mas sim de uma relação semelhante à que existe entre o corpo e a alma que lhe dá vida. Ambos são inseparáveis e necessários um para o outro. É necessário colocar novamente em primeiro lugar esta dimensão cristológica da eclesiologia do Concílio, também em vista de uma evangelização mais eficaz. De fato, não se aceita a Cristo por amor a Igreja, mas aceita-se a Igreja por amor a Cristo – frase fantástica de Cantalamessa, que vale a pena repetir: “não se aceita a Cristo por amor a Igreja, mas aceita-se a Igreja por amor a Cristo”. Até mesmo se aceita uma Igreja desfigurada pelo pecado de muitos de seus representantes – como temos sentido com o pecado de todos nós. Diga-se aqui, pra finalizar. A Igreja é santa e pecadora, mas o ser pecadora não é uma nota da Igreja. A Igreja é una, santa, Católica e Apostólica. São as únicas 4 notas da Igreja. Ser pecadora não é nota, é acidente de percurso, é fragilidade de cada um de seus membros".

 








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