Card. Vegliò: mundo do espetáculo transmite mensagens de acolhida e de solidariedade


Cidade do Vaticano (RV) -  Com um show internacional na Praça Santa Maria in Trastevere, foi aberto na noite de quarta-feira (15/05) em Roma o Jubileu do Espetáculo itinerante e popular. A peregrinação envolve, entre outros, circenses, marionetistas, bandas de música e malabaristas. Na manhã desta quinta-feira, a audiência com o Papa Francisco na Sala Paulo VI, seguida pela passagem pela Porta Santa e na parte da tarde exibições na Praça São Pedro. Sobre o significado deste particular Jubileu, a Rádio Vaticano ouviu o Presidente do Pontifício Conselho da Pastoral para os Migrantes e os Itinerantes - que organiza o evento - Cardeal Antonio Maria Vegliò: 

"Trata-se de pessoas que não têm uma moradia fixa, são itinerantes e têm necessidade de sentir que a Igreja os acompanha, que se preocupa com eles. Depois, no âmbito do Jubileu da Misericórdia não podia faltar o encontro com este mundo, habituado a transmitir alegria e esperança, a transmitir amor. Não esqueçamos que muitos deles abrem gratuitamente as portas aos mais necessitados, para proporcionar a eles momentos de despreocupação. E esta é a verdadeira misericórdia. Portanto são protagonistas neste Ano especial da Misericórdia. Para eles, portanto, o encontro com o Santo Padre será fonte de alegria e servirá para sentirem-se como um só coração e uma só alma com a Igreja".

RV: Quais são as problemáticas pastorais atuais que dizem respeito aos trabalhadores e aos artistas do espetáculo itinerante?

"Antes de tudo o seu estilo de vida. São pessoas que continuamente se deslocam e estes deslocamentos geram uma sensação de provisório; têm dificuldades para a escolarização e para a continuidade da iniciação cristã dos jovens; frequentemente escondem dificuldades de integração com a população residente, pois nem sempre são bem acolhidos e nem sempre os residentes os querem próximos. A Igreja é próxima à família do espetáculo itinerante, para apoiá-la e encorajá-la em seu caminho: a Igreja está em movimento com eles. Já foi feito muito para solicitar a integração e para oferecer percursos de formação à vida cristã continuados, não obstante a vida itinerante que eles são obrigados a ter".

RV: Cardeal Vegliò, quais são as maiores dificuldade que estas pessoas encontram em sua atividade profissional?

"Ficariam muito felizes se todos os dias que entram em cena com o seu espetáculo, a arena fosse cheia. Mas pelo contrário, a crise econômica causou uma forte queda de espectadores; os custos para o aluguel de locais e equipamentos aumentou; frequentemente eles têm dificuldades em encontrar locais disponíveis para acolhê-los, e aqui em Roma, isto ocorre frequentemente quando chegam estes circos; tantas vezes são marginalizados e não são acolhidos pela comunidade que os recebe, porque frequentemente se deparam com a desconfiança de quem não os conhece e se baseia somente em preconceitos. No fundo são pessoas que vão e vem, e as pessoas estáveis de um bairro não os vê com bons olhos e dizem: "Mas, o que eles vêm fazer? Sim, fazem o espetáculo, mas depois trazem insegurança, criam algumas vezes episódios de delinquência..."".

RV: Como estes artistas, trabalhadores, podem ser testemunhas de esperança para a sociedade?

"No próprio espetáculo são transmitidas mensagens de acolhida e de solidariedade. No fundo, é um espetáculo que envolve a todos e não esqueçamos um ponto do qual se fala sempre mais frequentemente que é o da pedagogia do circo: o valor, isto é, de suas expressões e de suas técnicas, que são um válido instrumento metodológico. De fato, a arte circense já está presente em várias estruturas fixas: nas clínicas, nos hospitais, nas escolas e centros sociais. Recordo que o Papa Bento, na famosa audiência concedida aos circenses em 2012, convidou-os a testemunhar os valores que fazem parte de suas tradições, como o amor pela família, pelos pequenos, pelos doentes, o respeito pelos idosos e  a importância da comunidade e do viver em comunhão. Este pode ser o exemplo para nossa sociedade, que seguidamente é muito individualista. É importante depois o testemunho de convivência que existe entre eles, entre pessoas de gerações, culturas e religiões diferentes. Porque se você vai ao circo, vê que estes artistas são provenientes de muitas nações e é bonito vê-los trabalhar juntos, dando um bonito exemplo do estar juntos, da convivência, da integração".

RV: Por fim, que papel os artistas do espetáculo itinerantes podem desenvolver na nova evangelização?

"No âmbito da festa, pode-se comunicar a verdade da fé, a beleza da vida vivida em comunhão com Deus.  Nem sempre ocorre, entendo isto... Porém, é possível e às vezes acontece. A sua arte, a arte deste circenses, é um canal privilegiado para transmitir a mensagem de amor que Jesus veio nos trazer: o ser acolhedores e generosos com o público é imitação da acolhida e da misericórdia do Pai. Eles devem estar sempre atentos, contentes em fazer o público feliz, como o Senhor que está sempre contente em dar-nos o perdão na sua misericórdia. E depois, um papel que têm é o de transmitir a alegria e divertimento, nos ajudam a expressar a alegria que deve caracterizar todo cristãos". (JE/FC)








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