Artigo: Valei-nos Nhá Chica!


Juiz de Fora (RV*) – No último dia 14 de junho os mineiros e os devotos de Nhá Chica celebraram a Páscoa de Francisca Paula de Jesus. Dom Eurico dos Santos Veloso, Arcebispo Emérito de Juiz de Fora, MG, nos enviou um artigo.

Valei-nos Nhá Chica!

Nós mineiros nos alegramos muito em celebrar no dia 14 de junho a Páscoa de Francisca Paula de Jesus, carinhosamente chamada de Nhá Chica, a nossa Beata querida beatificada para a glória de Deus, ornando o altar do Senhor Jesus com a santidade universal dos fiéis, no chamado comum de todos os batizados.

A Beata Nhá Chica, nascida no distrito de Rio das Mortes, em São João del-Rey, depois de ter passado toda a sua vida em Baependi, na Diocese da Campanha, percorreu a sua vida com os olhos fixos no céu:

Nhá Chica era negra, analfabeta e oriunda de uma família muito humilde. Nunca se casou, ficando a vida toda solteira, consagrada totalmente a Deus a quem dedicou a sua profícua existência. Ela fez, em vida atos extraordinários, como curas, milagres e aconselhamentos espirituais. Atendia o povo diariamente, exceto nas sextas-feiras em que se dedicava à oração, ao jejum e à penitência, recordando, sempre recolhida e piedosamente, a paixão e morte de Nosso Senhor Jesus Cristo.  A receita de sua santidade era a devoção absoluta em Deus e a sua filial amizade espiritual e devoção com Nossa Senhora da Conceição, a quem ela, carinhosamente, chamava de “Minha Sinhá”. Nhá Chica compôs uma Novena em honra de Nossa Senhora da Conceição e dos votos que recebia de sua caridade fez construir uma bela Capela dedicada à santa, ao lado da sua casa, do alto do Morro, voltada para toda a cidade de Baependi, ornando a Igreja com um órgão que tocou pela primeira vez em honra da Imaculada Conceição. Nesta Igreja repousam seus restos mortais.

A vida de Nhá Chica foi de exclusiva dedicação ao amor a Deus e ao próximo e sua humildade, na sua caridade, na sua acolhida a todos os que batiam a sua porta, a quem não condenava, ao contrário acolhia e encaminhava pelos prados do Evangelho e pela vida na Igreja Católica. Uma mulher negra que fez um voto interior, não um voto religioso. Dedicou toda vida para o amor de Deus, e seu amor a Deus foi transmitido para os outros. Depois, na sua simplicidade e humildade, ela foi heroica extraordinária, pode dar um contributo de esperança de ensinamento para todo mundo, do maior ao menor.

Na Bula em que proclamou a serva de Deus Beata o Santo Padre o Papa Francisco deixa candente o motivo desta beatificação. “Nhá Chica, leiga, virgem, mulher de assídua oração, perspicaz testemunha da misericórdia de Cristo para com os necessitados do corpo e do espírito”.

O Papa Francisco, na sua missa cotidiana de 24 de maio de 2006 ensinou que: “Este ‘caminhar’: a santidade é um caminho, a santidade não se compra e nem se vende. Nem se pode presentear. A santidade é um caminho na presença de Deus, que eu devo fazer: ninguém o faz em meu nome. Posso rezar para que o outro seja santo, mas é ele que deve fazer o caminho, não eu. Caminhar na presença de Deus, de modo irrepreensível. Usarei hoje algumas palavras que nos ensinam como é a santidade de todo dia, a santidade – digamos – anônima. Primeira: coragem. O caminho rumo à santidade requer coragem”. 

A santidade de Nhá Chica é atualíssima, particularmente neste ano de 2016, em que aa 54ª. Assembleia Geral da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, CNBB, aprovou o documento “Cristãos leigos e leigas na Igreja e na Sociedade. Sal da terra e luz do mundo”. A partir desse documento, as comunidades, paróquias e dioceses do Brasil tem um novo referencial da reflexão da Igreja sobre a identidade e a atuação dos leigos, como foi a atuação a identidade de Nhá Chica, uma leiga, que de própria vontade consagrou a sua vida e nos ensinou uma singular experiência de santidade, muito atual e que pode e deve ser vivida por todo mundo. Essa santidade é para cada pessoa que queira amar a Deus. Quando se ama a Deus, pode se fazer uma vida como fez a Beata Nhá Chica, uma vida de renúncia, de acolhida, de escuta, de oração, de penitência, de misericórdia e ajuda ao próximo, tudo muito próprio do leigo e leiga de nosso tempo, que deve ser arauto da misericórdia.

Com a Beata Nhá Chica, rezemos a Nossa Senhora da Conceição, pedindo esta graça:

“Virgem da Conceição,
Vós fostes aquela Senhora
que entrastes no céu vestida de sol, calçada de lua,
coroada de estrelas e
cercada de anjos...
Vós prometestes ao Anjo Gabriel
que socorreríeis a todo aquele
que invocasse
Vosso Santo Nome.

Agora é a ocasião.
Valei-me, Senhora da Conceição! (3 vezes)
Salve Rainha, mãe de misericórdia...”.

       Beata Nhá Chica, rogai por nós!

* Eurico dos Santos Veloso
Arcebispo Emérito de Juiz de Fora, MG.

 








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