Dom Tomasi: 50 anos do dicastério Justiça e Paz é celebrar um serviço


Roma (RV) - Realizou-se nos dias 9 e 10 deste mês, em Roma, o encontro dos representantes regionais das Comissões Justiça e Paz dos cinco continentes, em vista do 50º aniversário de fundação, em 2017, do Pontifício Conselho da Justiça e da Paz. 

A reunião foi uma ocasião para fazer um balanço sobre os novos desafios que a Igreja deve enfrentar, como explicou o membro do dicastério ‘Justiça e Paz’, Dom Silvano Maria Tomasi, nos microfones da nossa emissora.

Dom Tomasi: “Estamos preparando no Pontifício Conselho da Justiça e da Paz o 50º aniversário de fundação dessa estrutura da Cúria Romana, um dos frutos importantes do Concílio Vaticano II. Para estudar como destacar e celebrar este aniversário, o Conselho convocou os representantes regionais das Comissões Justiça e Paz de várias partes do mundo.” 

Quais desafios emergiram entre as mais atuais sobre as temáticas da justiça e da paz à luz do Magistério de Bento XVI e agora do Papa Francisco?

Dom Tomasi: “É claro que a Doutrina Social da Igreja continua evoluindo para dar respostas adequadas aos princípios fundamentais que vem do Evangelho, às novas situações políticas, ao avanço da tecnologia e ao desenvolvimento de várias situações que se apresentam. Na troca de visões, se viu como as Igrejas locais sintam as prioridades do momento. O impacto das Cartas, das Encíclicas, Caritas in Veritate, por exemplo, e Laudato si’, deram um impulso à Doutrina Social da Igreja que levou a uma reflexão sobre a economia atual e o ambiente. Portanto, estes dois temas, a crise da economia e a função da economia a serviço da pessoa e não do lucro, e a atenção à Criação como dom de Deus que deve ser administrado de maneira correta, estão entre os temas que neste momento muitas igrejas locais estão trabalhando. Porém, existem também outras preocupações. Por exemplo, os representantes das Comissões Justiça e Paz da Europa se focalizaram muito sobre a imigração maciça que está criando reações diferentes de medo ou de esperança da parte de uma minoria. Isso e as desigualdades persistentes, que continuam sendo evidentes especialmente para os jovens que não encontram trabalho, estão entre os temas que  foram debatidos e avaliados. Agora, se tornarão uma pequena base sobre a qual fazer avançar a reflexão doutrinal, mas sobretudo sugerir soluções operacionais.”

O 50º aniversário de fundação do Pontifício Conselho da Justiça e da Paz que será celebrado no próximo ano é uma ocasião também para rever a missão deste organismo, atualizá-la também à luz da reforma da Cúria em andamento. Sobre isso, quais pontos emergiram desse encontro?

Dom Tomasi: “A celebração de um aniversário, neste caso, não é tanto a celebração de uma estrutura, mas de um serviço, de um ministério na Igreja, da intuição que teve o Concílio Vaticano II. Da importância de dialogar com o mundo contemporâneo existe esta sintonia e esta convergência de atenção para com a realidade que as pessoas vivem cotidianamente. Disso temos um grande testemunho no ministério petrino do Papa Francisco que quer eliminar fronteiras, quer que exista uma inclusão na abordagem da vida social, ou seja, que todos possam participar ao bem comum. Enquanto isso, se deve pensar que vários Conselhos serão unificados e que hoje existe uma ênfase em particular nas relações existentes entre as várias situações. Por exemplo, não se pode falar de refugiados sem falar de paz. Não se pode falar de imigração sem falar de desenvolvimento. Não se pode falar de saúde sem falar do direito da pessoa de ter o necessário para sustentar sua família. Neste contexto de interdependência entre as várias situações, a resposta que se quer dar através da reforma da Cúria é a de colocar um acento não tanto num setor ou noutro da atividade humana, das dificuldades e crises contemporâneas, mas de responder de maneira integral, inclusiva, e fazer convergir os talentos, as experiências de todos para ser mais eficazes no serviço à família humana hoje.” (MJ)








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