2016-05-25 10:51:00

Card. Parolin em Istambul: a humanidade em primeiro lugar


Na primeira Conferência Humanitária Mundial, realizada esta segunda e terça-feira em Istambul, na Turquia, falou-se de milhões de pessoas em fuga de guerras, violências, calamidades naturais, perseguições e mudanças climáticas. Predominou, contudo, o conflito sírio, com suas centenas de milhares de mortos e seus milhões de refugiados.

Porém, a reunião de cúpula destes dois dias corre o risco de passar em silêncio, e esse é o temor maior de centenas de organizações governamentais que participaram do encontro: de que as declarações de intentos pronunciadas pelos líderes políticos presentes não se traduzam em ações concretas.

O Cardeal Secretário de Estado Pietro Parolin, que conduziu a delegação da Santa Sé na cúpula de Istambul, espera que se possa chegar a algo mais do que simples palavras. Entrevistado pela Rádio Vaticano, eis o que disse:

Cardeal Pietro Parolin:- “A ideia de convocar esta cúpula certamente foi uma ideia positiva, justamente pelas finalidades que foram indicadas à iniciativa. Portanto, é uma ideia a ser defendida. Parece-me que os trabalhos, que foram feitos nesses dois dias, estejam em parte respondendo às expectativas, sobretudo no sentido de tornar a resposta muito concreta e de não limitar-se somente às palavras ou às declarações, mas de traduzir tudo isso em iniciativas bem precisas, propriamente em ajuda àqueles que sofrem. Impressionou-me muito, durante os trabalhos, que muitos pronunciamentos tenham insistido sobre essa concretude. Não podemos afirmar agora se essas respostas serão dadas, mas há a vontade de fazê-lo.”

RV: Tratou-se de uma cúpula humanitária da qual talvez possamos afirmar que a política não esteve ausente, considerando o discursos de alguns relatores. A seu ver, isso pode de algum modo ter prejudicado o sentido do encontro?

Cardeal Pietro Parolin:- “O importante é não ‘não ficar na política’ – como se diz –, embora, evidentemente, a política, no sentido mais amplo do termo, não tenha faltado; superar também as tensões ou as diferenças que existem e encontrar-nos unidos em algumas coisas fundamentais. Creio que este seja também o sentido e o convite da reunião de cúpula, ou seja, a humanidade em primeiro lugar, para além das posições políticas. A meu ver, o encontro fez esse esforço de ir além, embora, naturalmente, alguém tenha aproveitado do microfone para reiterar suas posições. Viu-se, porém, da parte de muitos, este chamado: ir além das posições, das diferenças, das contraposições políticas para dar uma resposta humana e solidária às necessidades de tantos homens e mulheres que sofrem.”

RV: A mensagem do Papa – que o senhor leu no primeiro dia da cúpula – teve uma repercussão muito importante. O Santo Padre usou palavras muito fortes e deu indicações precisas...

Cardeal Pietro Parolin:- “Sim, em primeiro lugar, a aprender daqueles que sofrem. Disse: ‘Se quiserem que a reunião de cúpula tenha bom êxito, coloquem-se do lado deles, aprendam deles e julguem as coisas a partir do ponto de vista e com a sensibilidades deles’. Isso me parece fundamental. Em segundo lugar, a centralidade da pessoa humana. Essa é uma mensagem que a Santa Sé e muitas outras organizações reiteraram: a centralidade da pessoa humana, mas da pessoa humana em sua concretude, em sua singularidade. Por conseguinte, a pessoa que sofre, a pessoa que se encontra necessitada: a criança, o ancião, a mãe, e assim por diante. Essas são, portanto, indicações muito práticas que podem encontrar uma aplicação concreta e uma aplicação também política.”

(RL/RS)








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