Patriarca Copta-católico define como "novo início" encontro entre Papa e Imame


Cairo (RV) – A retomada das relações entre Santa Sé e a Universidade islâmica de Al-Azhar “poderá trazer um novo vigor aos processos de colaboração e integração que os responsáveis cristãos e muçulmanos já alimentam em muitas situações locais, na vida cotidiana”. Foi o que afirmou o Patriarca Copta-católico Ibrahim Isaac Sidrak, ao comentar à Agência Fides o encontro realizado no Vaticano na segunda-feira (23/05) entre o Papa Bergoglio e o Grão Imame da maior autoridade teológica e cultural do Islã sunita.

As relações entre Santa Sé e Al Azhar estavam congeladas desde 2011, depois do atentado na virada do ano contra Catedral copta-ortodoxa de Alexandria. Na ocasião, o Papa Bento XVI pediu orações pelas vítimas dos atentados, chamando a responsabilidade as autoridades locais para a defesa dos cristãos. As palavras foram mal recebidas tanto pelos responsáveis de Al-Azhar, como pelos expoentes do Patriarcado Copta-ortodoxo.

Importante é a retomada do caminho

“Foram tempos difíceis – recorda o Patriarca Ibrahim Isaac – que tiveram início por um mal-entendido provocado pelas palavras do Papa Bento XVI, que talvez, para alguns, era algo intencional. Mas o importante é a retomada do caminho correto. Agora, é necessário esperar com paciência o amadurecimento do processo. Al-Azhar é influente e pode exercer um papel positivo sobre o Islã sunita. Mas não faltam dificuldades, resistências, divisões, diante da reconsideração do “discurso religioso” pedido por muitos, até mesmo pelo Presidente al Sisi. Há também quem perceba como uma ameaça e um ataque ao Islã todo juízo e toda opinião expressa com liberdade, no legítimo pluralismo. Nós devemos respeitar este caminho interno ao mundo islâmico, favorecendo-o com paciência e delicadeza, encorajando os nossos irmãos muçulmanos, também como Igreja local, favorecendo a colaboração na vida social, diante dos problemas concretos, sem limitar-nos ao confronto sobre questões estritamente religiosas”.

Iniciativas conjuntas

Entre os sinais de esperança, o Patriarca Copta-católico cita as iniciativas conjuntas de imames e sacerdotes inspirados pela “Casa da Família egípcia” – organismo de ligação inter-religiosa criado há alguns anos por Al-Azhar e pelo Patriarca Copta-ortodoxo, como instrumento para prevenir e mitigar as contraposições sectárias – e também o documento programático assinado em 9 de maio pelo Grão Imame  e pelo Patriarca Copta-ortodoxo Tawadros II, onde é delineado o empenho comum para combater conjuntamente toda forma de violência e de abuso de menores. No documento comum, elaborado com o patrocínio da UNICEF, estudiosos ligados à Universidade Islâmica e à comunidade copta contribuíram para delinear a tutela dos menores como prioridade comum, citando entre as formas de violência a ser combatida, também as mutilações genitais e o fenômenos dos matrimônios precoces. (JE/GV)








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