"A Grande Morte" dos povos indígenas é denunciada na ONU


Nova Iorque (RV) – Mais de 360 terras indígenas no Brasil estão ainda sem algum encaminhamento, desde que a Constituição, em 1988, estabeleceu que em 5 anos as reconheceria.

Os povos indígenas têm suas terras invadidas e roubadas por megaprojetos, as matas destruídas e os rios envenenados; seus direitos são desrespeitados.

Acompanhando a caminhada dos povos indígenas em nome das igrejas, o Conselho Indigenista Missionário, CIMI, (órgão ligado à CNBB) participa em Nova York, até 20 de maio, da 15ª Edição do Fórum Permanente da Organização das Nações Unidas (ONU) sobre a questão indígena (UNPFII).  

O Presidente do Conselho é o Arcebispo de Porto Velho, Roque Paloschi, para quem a criminalização do movimento indígena impede que estes povos possam viver sua autodeterminação, sua cultura e suas tradições, o que representa a ‘Grande Morte’ dos povos indígenas.

CIMI, comunhão, solidariedade, partilha

“A presença do CIMI é a presença da comunhão. É a presença da vizinhança e da solidariedade com estes irmãos e irmãs que clamam por justiça e por respeito a seus direitos à sua História e suas tradições. A presença do CIMI quer também ajudar a Igreja a olhar, nesta expressão bonita que o Papa nos pede, com muita ternura e respeito, a esta História. Para nós aqui, nas Américas, eles foram sempre vistos como um estorno e como pessoas sem uma sua cultura, que foram desrespeitados e massacrados na sua dignidade e na sua esperança”.

“Por isso, a presença do CIMI é expressão da solidariedade, da união e da certeza de que Deus continua falando para o mundo através da vida e do caminho dos povos indígenas neste mundo marcado pelo consumismo, pela cultura do descarte, pela ganância de ter e poder, e continua nos convidando a uma vivência harmoniosa com a Criação e sobretudo nos ensinando a viver uma vida austera na partilha e na solidariedade com todos. Na comunidade indígena, se um tem comida, todos tem. Isto é um sinal muito visível e palpável de um mundo que descarta as crianças, os jovens e os idosos. Entre os índios nós não encontramos crianças abandonadas e nem idosos abandonados; encontramos, sim, grandes famílias que procuram viver bem nesta Casa Comum e zelar pelo bem de todos”.

Direitos adquiridos na Constituição são desrespeitados

“Por isto, o CIMI está lá (em NY) para ampliar também as denúncias em âmbito internacional os desrespeitos dos três poderes no Brasil: legislativo, executivo e judiciário que vêm cometendo contra os direitos constitucionalmente consagrados. Juntamos nossa voz à voz desesperada dos povos indígenas do Brasil e lembramos o povo Guarani-Kaiowá, no Mato Grosso do Sul”.

Dom Roque também denuncia que a relatora Especial da ONU sobre Direitos dos Povos Indígenas, Victoria Tauli-Corpuz, depois de analisar, em março passado, a situação destes povos no Brasil, afirmou que existem vários indícios de um ‘etnocídio’ em curso no país.  

“A visitadora da ONU declarou com todas as letras, em seu pronunciamento, que viu o Brasil em caminho para um etnocídio dos povos indígenas. Isto é muito grave para nós no Brasil, num país grande, um país com tanta riqueza. Nós não temos a sensibilidade de respeitar os mais fragilizados, os que mais foram pisados e desrespeitados em sua história, em suas convicções de vida, cultura e esperança”.

Ouça Dom Roque clicando aqui:

(CM)

 








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