Paquistão: recordado Dom Joseph, profeta contra lei sobre a blasfêmia


Islamabad (RV) - Um líder profético que previu as crises futuras, um homem comprometido no combate às atrocidades, um mensageiro da harmonia entre as religiões, um líder sincero.

Desse modo, ativistas e líderes muçulmanos recordam o bispo de Faisalabad, no Paquistão, Dom John Joseph, que em 6 de maio de 1998 tirou a própria vida no Tribunal de Sahiwal para protestar contra a condenação à morte – por motivo de blasfêmia – de Ayyub Masir, um católico por ele defendido, e contra a discriminação dos cristãos.

Modificar a lei sobre a blasfêmia no Paquistão

Por ocasião do 18º aniversário da morte, líderes muçulmanos se uniram à comunidade católica ao ser recordado “o bispo do povo”, refere a agência missionária AsiaNews.

Para o diretor da Ong South Asia Partnership Pakistan, Irfan Mufti, com seu gesto, Dom Joseph recordou que o “respeito, a honra e a proteção devem ser garantidos a todos os cidadãos, prescindindo de sua religião”, e que “o único caminho é modificar as leis sobre a blasfêmia e unir toda a nação”.

Dom Joseph será para sempre recordado pelos ativistas dos direitos humanos

O secretário geral da Comissão para os direitos humanos do Paquistão, IA Rehman, define Dom Joseph, primeiro bispo proveniente do Punjab, “um homem comprometido no combate a todas as atrocidades. Ele havia prometido a um pobre cristão que o salvaria de toda injustiça e manteve sua promessa. Os ativistas dos direitos humanos o recordarão para sempre”, disse.

A lei sobre a blasfêmia é comumente utilizada de modo abusivo

A lei sobre a blasfêmia foi introduzida na Constituição do Paquistão em 1986 pelo ditador Gal. Zia ul Haq, e estabelece a pena de morte para aqueles que são acusados de ofensas a Maomé e ao Corão.

Porém, a lei é utilizada de modo abusivo para eliminar inimigos ou confiscar propriedades dos acusados. Até hoje, cerca de 1.400 pessoas foram acusadas de blasfêmia.

Segundo o relatório anual da Comissão para os direitos humanos do Paquistão, em 2015 ao menos 22 pessoas foram detidas com essa acusação: 15 muçulmanos, 4 cristãos e 3 membros da Comunidade Ahmadi.

A comunidade dos ulemás paquistaneses se opõe à eliminação ou emenda das leis, mas exige controles que impeçam que a mesma seja utilizada de forma abusiva. (RL)








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