Dom Auza em Nova Iorque: diplomacia da fé para assegurar a paz


Nova Iorque (RV) – O Observador Permanente da Santa Sé na ONU, Bernardito Auza, participou do Seminário Teológico Judaico em Nova Iorque. No seu discurso, observou que existe uma diplomacia baseada na fé religiosa que frequentemente se revela mais forte e, sobretudo, mais eficaz de qualquer outro gênero de diplomacia predisposta pelas nações para assegurar paz e estabilidade.

A temática do pronunciamento de Dom Auza foi direcionada à relação entre religião e diplomacia. Argumento bastante difícil neste período histórico no qual as religiões são falsamente usadas para desencadear campanhas de ódio e terrorismo. Com igrejas, mesquitas e sinagogas que se transformam em objetivos estratégicos sanguinários e as comunidades de fé que, da Síria ao Iraque e das regiões mais isoladas do Oriente Médio e da África, são perseguidas. Tudo “em nome da religião”.

Todavia, observou Dom Auza, “quanto mais a religião é difamada por todas essas formas ilegítimas, tanto mais a religião, a religião verdadeira, deve desenvolver o seu papel importante no esforço global para a paz e a prosperidade”. Especialmente em tempos difíceis como os atuais, seria desejável que à religião fosse reconhecido o influente papel também nos processos diplomáticos.

Dom Auza colocou em evidência interrogações para enaltecer os progressos que inclusive nos últimos anos foram feitos em relação à colaboração entre os órgãos internacionais e as comunidades fundadas na fé religiosa.

Quantos hoje estão dispostos a apoiar esse virtuoso mix entre religião e diplomacia? Os Estados e os órgãos internacionais, como as Nações Unidas e o Banco Mundial, são realmente capazes de tomar conhecimento do papel positivo que a religião pode desempenhar? Não acreditam na qualidade dos líderes religiosos e das suas organizações baseadas na fé? São dispostos a trabalhar com os líderes religiosos e as instituições baseadas na fé da busca por soluções à guerra ou para terminar com a pobreza extrema, que frequentemente está na base dos conflitos? Ou veem nas religiões e nas suas instituições somente uma parte do problema do que a sua solução, no melhor dos casos das simples agências caritativas?

Mesmo que se trate de uma colaboração que, obviamente, não é privada de dificuldades e atritos. Dificuldade, sublinhou Dom Auza, que o magistério dos recentes pontífices tem sempre procurado suavizar. Ele observou que, próprio “o papel que Papa Francisco desempenha no panorama internacional poderia ser citado como prova do fato que a religião ou um líder religioso é capaz de exercitar uma autoridade diplomática eficaz e influente”.

Inclusive com a carga da própria experiência pessoal na Santa Sé, o Observador Permanente declarou que “existem algumas circunstâncias nas quais a diplomacia baseada na fé, na promoção do desenvolvimento, é mais eficaz da diplomacia formal na resolução dos conflitos”.

O pronunciamento de Dom Auza foi no início da semana, dia 9 de maio, no encontro anual ao diálogo inter-religioso, organizado pela Fundação Russel Berrie, presidida por Angelica Berrie que, junto ao rabino Jack Bemporad, deram vida ao Centro João Paulo II para o diálogo inter-religioso com sede em Roma.

(AC/Osservatore Romano)








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