Papa convidado a falar no Angelus de Cervantes, autor de Dom Quixote


Cidade do Vaticano (RV) – Ao receber em audiência no Vaticano na segunda-feira, 2, o Diretor do Instituto Cervantes, Víctor García de la Concha, e o Diretor da Real Academia Espanhola, Darío Villanueva, o Papa Francisco disse que seria uma “boa ideia” dedicar um Angelus dominical ao escritor espanhol Miguel de Cervantes, cujos 400 anos de falecimento são recordados em 2016. Papa Bergoglio também demonstrou preocupação pela pobreza no vocabulário dos jovens argentinos. O Santo Padre foi presenteado na ocasião com um exemplar de “Dom Quixote” e um exemplar do primeiro volume do “Dicionário de Autoridades”.

“Foi uma conversa muito descontraída e neste sentido – contou García de la Concha -  o Professor Rico teve uma ideia feliz. Disse ao Papa: “Que bom seria se algum dia, em um Angelus, o senhor falasse de Cervantes”, ao qual Francisco respondeu que “era uma boa ideia”.  Amante da literatura e conhecedor da obra de Cervantes, Bergoglio recordou com uma certa nostalgia seus anos de estudante, em que chegou a ler na íntegra “Dom Quixote”.

O Diretor do Instituto Cervantes  explicou que “nos parecia que nos 400 anos da morte de Cervantes, (...) recordando o velho professor de Literatura que ele (Jorge Bergoglio) foi, o mais adequado seria oferecer a ele uma edição que é a edição de referência, do estudo, que na realidade constitui uma enciclopédia de Quixote e ao mesmo tempo resgata a voz de Cervantes, ao longo da história, de adições e supressões que fizeram os revisores”, explicou.

No encontro o Papa também recordou o dia em que, como professor, levou Borges para a sala de aula e seus alunos leram alguns dos contos. O Diretor da Real Academia Espanhola acrescentou que o Papa “recorda com nostalgia seu tempo  estudante e professor”, acrescentando:  “O vimos preocupado com a pobreza léxica dos estudantes de seu país. Percebemos que chegou alguma notícia estatística de que os estudantes do segundo grau da Argentina saem de seus estudos somente com 500 palavras de espanhol, o que é muito pouco”, avalia Villanueva.

A este ponto, o Diretor da Real Academia Espanhola presenteou o Papa com um exemplar do “Dicionário de autoridades”, aproveitando para comentar que a versão digital do volume recebeu em março 71.200.000 consultas, de forma “que nem tudo está perdido, tem muita gente que através de seus tablets e dos celulares, através dos computadores, está muito interessada em ampliar seu vocabulário”.

Dom Quixote de La Mancha (Don Quijote de la Mancha em castelhano) é um livro escrito pelo espanhol Miguel de Cervantes y Saavedra (1547-1616), com sua primeira edição publicada em Madrid no ano de 1605. Seus  126 capítulos estão divididos em duas partes: a primeira surgida em 1605 e a outra em 1615. A coroa espanhola patrocinou uma edição revisada em quatro volumes a cargo de Joaquín Ibarra. Iniciada em 1777 concluiu-se em 1780 com tiragem inicial de 1600 exemplares.

Dom Quixote é considerada a grande criação de Cervantes. O livro é um dos primeiros das línguas européias modernas e é considerado por muitos como o expoente máximo da literatura espanhola. Em princípios de maio de 2002, o livro foi escolhido como a melhor obra de ficção de todos os tempos. A votação foi organizada pelo Clubes do Livro Noruegueses e participaram escritores de reconhecimento internacional. (JE)








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