Novo Núncio nos EUA: "Vou com muita confiança"


Cidade do Vaticano (RV) – O Papa Francisco recebeu em audiência na quinta-feira, 22, no Vaticano, o novo Núncio Apostólico nos Estados Unidos, o Arcebispo francês Christophe Pierre, nomeado em 12 de abril. Aos 70 anos, Dom Pierre deixa a Nunciatura no México, onde chegou em 1997. A Rádio Vaticano conversou com ele sobre os novos desafios:

“Deixo o México com um pouco de tristeza, porque vivi nove anos muito bonitos, ricos de belas experiências; sobretudo, vivi o encontro com um povo com raízes católicas fortes, com uma experiência que sempre me pareceu muito autêntica e isto se deve, como disse o Papa Francisco durante a sua viagem, a um início: o início é o evento de Nossa Senhora de Guadalupe, que marcou não somente Juan Diego, o índio que viu Nossa Senhora, mas também todo um povo que continua a “ver” Nossa Senhora. E isto é extraordinário! Como o acontecimento de Jesus Cristo, não é uma coisa do passado, é algo do presente. As pessoas vão ver Nossa Senhora hoje. E sobre este encontro foi construída a Nação, e as pessoas, num certo sentido, se construíram como pessoa. Obviamente, isto gerou uma belíssima religiosidade popular: o próprio Papa disse isto mais vezes. Uma religiosidade popular que está profundamente radicada no alma e na cultura do México: uma cultura católica.... E esta foi também uma constatação que fiz pouco a pouco e foi também o objeto das minhas análises: vivemos uma mudança cultural. Os Bispos, em Aparecida, já haviam dito isto há nove anos: existe uma mudança de época em andamento, uma mudança cultural que diz respeito principalmente à transmissão dos valores de uma geração à outra e que torna mais difícil o trabalho educativo. Portanto, nisto existe um desafio, um desafio enorme que é o desafio da Igreja no México, que deve realizar todo um esforço para evangelizar em um contexto novo, isto é, ir de encontro às pessoas que estão muito mais distante da fé do que antes. E isto eu vi também durante estes nove anos. Existe, portanto, uma exigência – como disse o Papa Francisco – de sair: sair da igreja, não esperar que as pessoas venham, mas ir de encontro a elas e depois inserir-se em toda a estrutura da sociedade para poder anunciar o Evangelho. Obviamente, a história do México é um pouco particular, porque por mais de um século houve uma separação brutal entre Igreja e governo e sociedade; hoje, no entanto, as coisas estão mudando, mesmo que permaneça um pouco desta mentalidade... Porém a história está mudando  e é necessário aproveitar esta mudança cultural para normalizar um pouco as relações, de modo que a Igreja esteja mais presente. E este penso que seja o dever nosso de bispos e sacerdotes. Às vezes é difícil: permanecemos nas nossas  “zonas de conforto” – como dizia o Santo Padre -, sem sair. Porém, a Igreja deve ser missionária”.

RV: O senhor encontrou o Papa ontem. Ele o encorajou para a nova missão nos Estados Unidos, onde os desafios são muito diferentes...?

“Certamente! Obviamente, o Papa me convidou como seu representante e é muito importante dizer que nós, Núncios, somos representantes do Papa, isto é, não vamos “por nossa conta”, mas para fazer aquilo que o Papa nos indica... É importante não esquecer que a Igreja é uma Igreja local, e que portanto, a responsabilidade é dos bispos, dos sacerdotes, de todos, mas sempre em comunhão com a Igreja universal e particularmente com o Santo Padre que é o sucessor de Pedro. Assim, nós estamos alí para ajudar o Papa a conhecer e também a agir para ajudar a Igreja local a manter-se em relação com o Santo Padre. É um trabalho enorme, difícil, porém, obviamente eu estou aberto, disposto a conhecer como sempre fiz nas diferentes missões. E espero que as coisas sejam fáceis... Existem desafios, mas vou com muita confiança. A primeira coisa é conhecer, escutar; e eu penso que uma das qualidades que o Papa nos pede é escuta, isto é, não ir com ideias pré-concebidas”. (JE/HD)








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