Há três anos o sequestro dos bispos de Aleppo: não os esquecemos, diz Patriarca melquita


Damasco (RV) – A comunidade cristã na Síria “não esqueceu” os seus bispos, porque “cada vez que se realiza uma oração comum se fala deles, se pensa neles”. Nos dias passados “realizou-se uma celebração em Beirute” e o mesmo teve lugar esta quinta-feira, 21,  “na sede do Patriarcado ortodoxo”, sempre na capital libanesa. Foi o que afirmou à Asianews o Patriarca melquita Gregorio III Laham, ao comentar os três anos transcorridos desde o sequestro de Dom Yohanna Ibrahim e Dom Boulos Yaziji em Aleppo, no norte da Síria.

De fato, desde 22 de abril de 2013, não se tem mais notícias dos dois prelados da Igreja Sírio-ortodoxa e Greco-ortodoxa, e cuja sorte permanece envolta em mistério. Um sequestro “anômalo”, sem reivindicações nem tratativas concretas para se obter a libertação deles. Um duro golpe para estas Igrejas do Oriente, que sempre foram um símbolo do diálogo inter-religioso, de enriquecimento espiritual e intelectual para a região.

Dom Yohanna Ibrahim, Bispo da Diocese sírio-ortodoxa de Aleppo e Dom Boulos Yaziji, Arcebispo da Diocese greco-ortodoxa da mesma cidade, foram sequestrados pouco antes das 18 horas do dia 22 de abril na localidade de Kafr Dael, a cerca de 10 km de Aleppo. Segundo algumas testemunhas, os dois prelados estavam negociando a libertação de dois sacerdotes: Padre Michel Kayyal (armênio-católico e Padre Maher Mahfouz (greco-ortodoxo), sequestrados em fevereiro do mesmo ano. Desde esta data, não se teve mais nenhuma notícia a respeito de seu paradeiro, nem mesmo se ainda estão vivos.

Este quadro levou a Igreja Sírio-ortodoxa e a Igreja Greco-ortodoxa a organizarem o encontro de oração intitulado “Nós não esquecemos”, realizado em Beirute em 19 de abril, com o objetivo de manter viva a recordação dos dois.

Interpelado pela Asianews, o Patriarca de Antioquia e de todo o Oriente, Gregorio III, confirmou que “há três anos não se sabe nada deles” e nenhuma notícia veiculada até agora a respeito deles “tem qualquer fundamento. Não existem notícias verdadeiras ou verossímeis em mérito à sorte deles”. “É impossível” – confirma – ter “notícias precisas”.

“O que podemos fazer – prossegue o prelado – é renovar o apelo à oração, para que haja uma mobilização geral, internacional, pela paz na Síria”. O augúrio – acrescenta – “é que o destino deles e o seu sofrimento são um chamado, um apelo ao mundo pela paz. Que estes dois mártires sejam um sinal do amanhã, uma cruz no caminho da população síria”.

O Patriarca melquita reitera com força que os dois bispos “não foram esquecidos” e “cada vez se reza em comum, se fala deles”.

Que esta recorrência – conclui – “possa ser ocasião para lançar um apelo à paz. É necessária uma aliança universal pela paz, não estadunidense, árabe, russa. É necessária uma boa vontade para fazer avançar as conversações de paz e se encontrar um ponto comum. Ao contrário, há quem ataca, quer o caos, para alimentar o supermercado do dinheiro, dos interesses, das armas. Com a guerra, alguém sempre ganha!”. (JE)








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