Card. Tagle: visita do Papa a Lesbos ajuda superar medo dos migrantes


Cidade do Vaticano (RV) - Uma visita para testemunhar proximidade a quem sofre, mas também para mexer com as consciências e vencer o medo. Passados dois dias da visita do Papa Francisco à ilha grega de Lesbos em meio aos refugiados, e um dia após o novo apelo feito pelo Santo Padre no Regina Caeli em favor dos migrantes, a Rádio Vaticano ouviu o testemunho do arcebispo de Manila, nas Filipinas, e presidente da Caritas Internacional, Cardeal Luis Antonio Tagle, que poucos meses atrás visitou os refugiados sírios no campo de Idomeni, perto da fronteira com a Macedônia:

Cardeal Luis Antonio Tagle:- “Meu sentimento é de alegria, porque os refugiados, o povo que sofre, precisa de um apoio: não somente de um apoio exterior, mas de uma manifestação de compaixão que vem de um coração puro, sincero. Esta visita não tem nada a ver com uma agenda política, com o proselitismo, mas para mim é um testemunho, que dá esperança e alegria a todos, especialmente aos refugiados. No ano passado fui ao campo de refugiados de Idomeni na Grécia, perto da Macedônia. Ali senti, vi de perto o sofrimento… E o povo que sofre é consolado, consolado com atos simples. Simples atos de amor e de compaixão. A presença do Santo Padre bastava para oferecer essa consolação.”

RV: O Papa Francisco trouxe de volta consigo três famílias de refugiados. O próprio Pontífice disse numa ocasião que as obras de misericórdia são “manifestação da vida cristã”. Este gesto é também um chamado, um exemplo para todos os cristãos…

Cardeal Luis Antonio Tagle:- “Sim, realmente o é. Quero acrescentar que a caridade – a misericórdia – se manifesta em atos. Porém, não basta, um ato exterior, porque o coração do qual nasce este ato é outra coisa. Por exemplo, no mundo político – durante as eleições – vemos muitos, muitos atos de benevolência por pare dos candidatos, porém, me pergunto: “Mas, eles são sinceros?” O Santo Padre o manifestou, sim, com um ato concreto, o de levar refugiados para Roma: não somente indivíduos, mas famílias, para protegê-las, porque a família deve permanecer unida, no sofrimento, assim como na alegria e na esperança. Tenho certeza de que essas três famílias que vêm da Síria experimentaram um amor misterioso… De onde vem este ato de caridade? – perguntam-se. De um coração eclesial, do coração de um Papa!”

RV: É plausível esperar que depois desta visita, das imagens que o mundo inteiro pôde ver, de sofrimento, haja um despertar das consciências, dos corações e das mentes dos europeus, sobretudo dos líderes políticos da Europa?

Cardeal Luis Antonio Tagle:- “Esperamos, certamente! Creio que muitos líderes e também o povo, especialmente aqui na Europa, tem medo, medo dos refugiados: medo de receber estes estrangeiros, estes migrantes... Porém, devemos enfrentar este medo: para mim o caminho justo é encontrar as pessoas: Por exemplo, vendo os jovens das famílias de refugiados, percebi que eles são jovens normais, como os das outras famílias... As mães e os pais dos refugiados são iguais aos outros pais e outras mães, que desejam somente o bem para suas famílias! Esses pensamentos, porém, vêm de um encontro pessoal, porque sem encontro pessoal há somente o medo, o medo prevalece. Esperamos que este exemplo do Santo Padre, do encontro pessoal, faça diminuir esse medo.” (RL)








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