2016-04-16 09:53:00

Papa em Lesbos: viagem marcada pela tristeza, refugiados não são números


O Papa chegou na ilha grega de Lesbos: o avião aterrou pelas 9.05 hora da Itália. É uma viagem marcada pela tristeza - disse Francisco aos jornalistas durante o voo - vamos encontrar a maior catástrofe depois da Segunda Guerra Mundial. Vamos ver - acrescentou – tanta gente que sofre e não sabe para onde ir.

A finalidade principal desta visita é "levar conforto a tantos refugiados" – afirma o mesmo Pontífice na sua mensagem ao Presidente da República italiana Sergio Mattarella enviada no momento de deixar o solo italiano. E num Tweet, o Papa afirma: "Os refugiados não são números, são pessoas: são rostos, nomes, histórias, e como tais devem ser tratados".No texto, o Papa manifesta a esperança de que "o povo italiano possa enfrentar com visão e solidariedade os desafios dos nossos dias". Para acolher Francisco em Lesbos estavam o Primeiro-ministro grego Tsipras, o Patriarca de Constantinopla Bartolomeu e o Arcebispo de Atenas e de toda a Grécia Ieronymos.

 

Será um daqueles gestos, a visita do Papa Francisco  hoje a Lesbos que, como  ele mesmo disse Quinta-feira Santa no centro de acolhimento para os pedintes de asilo de Castelnuovo de Porto,  falam mais do que as palavras. Passará um punhado de horas naquele lugar grego,  as luzes da tarde podem ser vistas a partir da costa turca. Um braço de mar muito curto,  para não tentar lançar-se ao largo à busca da salvação na Europa. De mortos, aquele mar Egeo, conheceu muitos  nos últimos meses: o Papa, o Patriarca Bartolomeu e  o Arcebispo Ieronymos, reunidos no porto da ilha,  vão   dirigir  às vítimas  as suas orações  e lançarão no mar três  coroas de flores. A homenagem a quem não conseguiu salvar-se será  o momento final da visita, que se concentrará sobretudo em quem, pelo contrário, tem ainda a esperança de encontrar uma vida: sobre os migrantes, sejam eles refugiados,  pedintes de asilo ou económicos, porque o Papa nunca fez as distinções que pelo contrário  tanto agradam  à política.

 Francisco  vai abraça-los  no centro de Moria, que ficou famoso, depois do acordo Eu-Ankara,  que o transformou naquilo que as organizações humanitárias,  todas, definem  como lugar de detenção. Aí encontrará os menores  e em seguida uma delegação de hóspedes do centro, almoçará com alguns deles, vai dirigir-lhes palavras, assim farão  também  Bartolomeu e Ieronymos. Será um discurso   pequeno,  talvez pela brevidade da mesma visita,  mas que lhes fará sentir  irmãos, porque  as palavras que Francisco utilizou no passado, para eles,  foram sempre de grande amor e de grande acolhimento.

Nesta visita não se deverá ler nenhum significado político,  nenhuma polémica com a União Europeia, que, todavia, continua a fechar e a rejeitar,  mas somente a misericórdia do Papa para com essas pessoas às quais  não se pode e não se deve negar o direito de procurar a salvação. E também a sua vizinhança ao povo da ilha de Lesbos, do qual continua a chegar um grande exemplo de humanidade e generosidade. Um grande gesto, portanto, do profundo significado humanitário e ecuménico que,  mesmo que indirectamente, não poderá não levar as consciências a perguntar-se se ainda recordamos que, como nos disse Francisco , também Jesus foi refugiado  e a Sua condição “impregnada de medo, incerteza, incómodos”.








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