Assembleia CNBB: a crise econômica aperta a respiração das famílias


Aparecida (RV) – Foram retomados nesta manhã de segunda-feira, os trabalhos da 54ª Assembleia Geral (AG) da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, (CNBB) em Aparecida, SP.  Tivemos no sábado e na manhã de domingo o retiro dos bispos, pregado pelo Presidente do Pontifício Conselho para a Cultura, Cardeal Gianfranco Ravasi. O retiro terminou com a Santa Missa presidida pelo Arcebispo de Aparecida (SP), Cardeal Raymundo Damasceno Assis, e concelebrada pelo Presidente do Pontifício Conselho para a Cultura, Cardeal Gianfranco Ravasi, e pelos cardeais brasileiros Cláudio Hummes, Odilo Scherer e Orani Tempesta. A celebração reuniu diversas caravanas de jovens, no Santuário Nacional de Aparecida, que lotaram a “Casa da Mãe”. O Cardeal Ravasi fez a homilia.

O purpurado falou sobre dois itinerários de reflexão retirados do Evangelho de João. A primeira cena refere-se à aparição de Jesus junto ao lago. “É no meio dos santos de cada dia, que Cristo se revela. Também no cansaço e entre desilusões”, disse  Dom Ravasi ao recordar que naquela ocasião os discípulos de Jesus não tinham pescado nada. “O mesmo Jesus é retratado no ato simples e cotidiano de cozinhar o peixe para preparar, assim, a mesa modesta como aquela que se prepara hoje em tantas casas dessa cidade. A revelação acontece aqui nas ruas de suas cidades, nas aldeias, nas casas onde a mordaça da crise econômica aperta a respiração das famílias, onde ao riso seguem tantas vezes as lágrimas, onde ao amor sucede o gelo da traição, onde domina a incompreensão entre pais e filhos, onde às esperanças sucedem as desilusões tal como aconteceu aos discípulos ao regressar do trabalho de pescadores de peixes”, comparou. 

O segundo itinerário sobre o qual discorreu dom Ravasi durante a homilia trata do reconhecimento. "Escutar a sua voz e reconhecê-lo. Os sete discípulos não identificaram aquele visitante na praia”, contou referindo-se à aparição de Jesus. “Para poder reconhecer Cristo estamos todos no mesmo plano. Não basta ter ceado com Ele, tê-lo escutado e visto fisicamente durante sua vida terrena. É necessário outro olhar, outro canal de conhecimento: o do amor”, acrescentou.

Segundo Dom Ravasi, para reconhecer Cristo é preciso” ter um olhar, que não é da visão material, mas o do abrir os olhos da alma”.

Como de costume os trabalhos desta segunda tiveram início com a celebração da Santa Missa, hoje presidida por Dom José Alberto Moura, Arcebispo de Montes Claros, MG, durante a qual foram recordados os bispos falecidos.

A primeira sessão de trabalhos hoje foi privativa. Já na segunda sessão, antes do almoço, a atenção dos bispos se concentrou no texto do tema central, “Cristãos leigos e leigas na Igreja e na Sociedade. Sal da terra e luz do mundo”. Foi a segunda apresentação do texto para o plenário e já foram feitos trabalhos de grupo. Prevista ainda hoje uma primeira votação, caso não existam correções a serem feitas no texto apresentado anteriormente e discutido pelos bispos. Na quarta-feira, dia 13, uma sessão especial vai analisar destaques do conteúdo do documento.

Ainda nesta segunda-feira a Comissão para Textos Litúrgicos volta a ter um tempo de 30 minutos para atualizar informações sobre os trabalhos que estão realizando. Esta comissão ocupa-se, por exemplo, da tradução da terceira edição do missal romano. Dom Armando Bucciol, Presidente da Comissão e Bispo de Livramento de Nossa Senhora (BA), disse que “o trabalho prossegue devagar,  porque é intenso, complexo e muitas vezes até complicado. Tudo isso para fazer com que os textos litúrgicos tenham uma tradução que mostre uma linguagem compreensível e bonita”.

Sobre os trabalhos da 54ª Assembleia Geral da CNBB em Aparecida, nós conversamos com Dom Itamar Vian, Arcebispo de Santarém, Pará....

Com o objetivo de assessorar o episcopado brasileiro e trabalhar as questões de fé e da moral dentro da CNBB, a Comissão para a Doutrina da Fé na parte da tarde nesta segunda-feira irá formular orientações em algumas questões doutrinais. O seu presidente, Dom Pedro Carlos Cipollini, Bispo de Santo André (SP), disse que a Comissão mantém um grupo de 20 peritos na área de Teologia Sistemática e Moral e na área bíblica. Esta Comissão procura, segundo Dom Cipollini, dentro das várias especialidades da Teologia, prestar serviço, no sentido de dar uma palavra, de orientar algumas questões, responder a indagações que às vezes se apresentam e também para ilustrar para a Assembleia alguns itens ou temas relacionados à Doutrina da Fé.

No final da tarde, na última sessão do dia está prevista a apresentação da Carta apostólica do Papa Francisco sob forma de “Motu Próprio” Mitis Iudex Dominus Iesus, que trata da reforma do processo canônico para as causas de declaração de nulidade do matrimônio no Código de Direito Canônico. Um vade-mécum (um guia de referência para instruir os leitores do Motu Próprio) ajudará os bispos a encontrar os conteúdos relativos às questões específicas de um processo da declaração de nulidade do casamento. Entre as novidades desse documento está a declaração do Papa de que o processo seja mais rápido: “De fato, além de se tornar mais ágil o processo matrimonial, estabeleceu-se uma forma de processo mais breve que se aplicará nos casos em que a acusada nulidade do matrimônio seja sustentada por argumentos particularmente evidentes”.

De Aparecida, SP, para a Rádio Vaticano, Silvonei José....








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