Card. Hummes pede envolvimento de toda a Igreja com a Amazônia


Aparecida (RV) - “Os desafios conclamam a Igreja na Amazônia a ser missionária, misericordiosa e profética. É preciso apresentar um rosto amazônico da Igreja e a Igreja só poderá encontra-lo à medida que se envolver realmente”, disse o arcebispo emérito de São Paulo e Presidente da Comissão Episcopal para a Amazônia, Cardeal Cláudio Hummes, à Assembleia Geral da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), quinta-feira, (07/04), em Aparecida (SP).

O arcebispo disse que a região compreende, ao todo, 56 circunscrições eclesiásticas, correspondendo a um pouco mais da metade do território brasileiro. A Comissão para a Amazônia surgiu com a finalidade de acompanhar a ação evangelizadora do local. “A Comissão foi criada para sensibilizar as pessoas para a missão na Amazônia, um lugar onde existem muitas carências, inclusive materiais”, relatou. 

De acordo com o cardeal, desde a criação da Comissão, houve um crescimento do número de padres, religiosos e leigos missionários na Amazônia. “Este crescimento deve-se ao fato de que também na formação presbiteral houve iniciativas de formação na perspectiva de uma Igreja em saída, misericordiosa, pobre e para os pobres”, explicou. Dom Cláudio acrescentou que também na formação permanente tem havido iniciativas. 

Desafios da Igreja na Amazônia

Dom Cláudio apontou como desafio a crescente urbanização. Conforme o arcebispo, trata-se de uma realidade nova. Citou como exemplo a Ilha de Marajó, “descuidada pelo poder público estadual e federal, com agravada situação de pobreza, miséria, desemprego e abuso de menores”. Falou sobre o modelo de desenvolvimento econômico de exploração desenvolvimentista, que reclama uma nova forma de relacionamento com o meio ambiente. Lembrou ainda o crescimento do número de evangélicos e a questão da evangelização dos indígenas, historicamente, maltratados e descuidados pela sociedade civil. 

“A Igreja e a sociedade têm enorme dívida com os indígenas, para que eles voltem a ser protagonistas da sua história, inclusive, religiosa”, afirmou. Para o cardeal, este reconhecimento apresenta outro desafio à Igreja no Brasil, que consiste na formação de um clero autóctone e o despertar de forças da ação evangelizadora, na própria população indígena.

Repam

Por fim, Dom Cláudio Hummes falou acerca da colaboração que Repam, Rede Eclesial Pan-Amazônica, tem oferecido à América Latina. O organismo, ligado ao Conselho Episcopal Latino-Americano (Celam),  reúne nove países que compõem uma só Amazônia. A Repam foi fundada em setembro de 2014, tendo como co-autores a CNBB e a Cáritas Latino-americana. A Rede nasceu como uma oportunidade de apoio, solidariedade e fortalecimento da ação evangelizadora no contexto amazônico. Atualmente, está estruturada nos seguintes eixos: formação indígena, comunicação, redes intencionais e Igreja de fronteiras.

Sobre os trabalhos desenvolvidos, Dom Cláudio lembrou que a Repam participou da COP 21, convidada pela Cáritas Francesa. O organismo tem um comitê que cuida dos trabalhos no Brasil e tem promovido seminários sobre a Laudato Sí em diversas universidades do Brasil. Está previsto encontro da Igreja Católica na Amazônia Legal, entre 14 e 18 de novembro que, nas palavras de Dom Cláudio, conferirá força à Igreja presente nesta macrorregião.

(CNBB/CM)








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