Tragédia no Iêmen: missionárias decidem não abandonar os pobres


Áden (RV) – As missionárias da Caridade não irão abandonar a obra no Iêmen, mesmo depois do massacre de quatro delas. As irmãs “continuarão servindo os pobres e necessitados” como fazia Madre Teresa que “sempre esteve nos lugares mais remotos do mundo, independentemente da situação local”. Já o sacerdote salesiano Tom Uzhunnalil continua desaparecido desde sexta-feira (4) quando aconteceu o ataque terrorista que matou 4 missionárias e um mínimo de 10 colaboradores. As informações são da Agência Fides.

Em entrevista à Rádio Vaticano, o assistente do vigário apostólico da Arábia do Sul, Pe. Thomas Sebastian, comentou sobre a tragédia que aconteceu na cidade de Áden.

Pe. Thomas – No convento de Áden tinha 5 irmãs e 60 pacientes idosos e outros: alguns trabalhadores e voluntários provenientes da Etiópia e do Iêmen. Tinha um sacerdote indiano salesiano. Agora ele está desaparecido. Não sabemos onde está, se foi sequestrado ou se escondeu em algum lugar. Não temos nenhuma notícia. Das cinco irmãs, quatro foram mortas pelos terroristas e uma, indiana, conseguiu fugir. As quatro irmãs mortas eram provenientes de diferentes países: uma da Índia, duas de Ruanda e uma do Quênia. Essas irmãs mortas ainda estão no hospital; estão sendo organizados os funerais. Talvez os militares devam enterrar onde foram sepultadas as irmãs mortas em 98. Mas não sabemos quando, talvez daqui a alguns dias. A outra irmã que escapou está bem e em boa saúde. Ela vai sair do Iêmen em um ou dois dias, e vai para Omã, onde está a casa provincial dessas irmãs.

RV – O que dizer do eco da população sobre essa tragédia?

Pe. Thomas – Nos jornais indianos eu vi imagens de uma manifestação, um protesto em frente ao escritório das forças de segurança, por não terem oferecido segurança suficiente para salvar as irmãs e as pessoas que se encontravam no convento. Isso significa que as pessoas sabiam do acontecido também ali. Não sei se têm testemunhas que viram exatamente o que aconteceu. O que sabemos é dos jornais de vários países e da televisão. Mas tudo o que nós lemos não é sempre a verdade!

RV – Segundo o senhor, por que atingir irmãs tão dedicadas aos necessitados?

Pe. Thomas – Essa é a pergunta que todos nós nos fazemos. Talvez existem inimigos dos cristãos que não querem a presença das irmãs. Essa é a nossa impressão, porque para o governo não criava nenhum problema a presença dos nossos missionários, irmãs e sacerdotes. Inclusive os rebeldes que lutam contra o governo nunca tiveram problemas com os nossos colaboradores. Então, quem fez isso? Talvez, há outros grupos que não querem a presença dos sacerdotes e das irmãs. O sacerdote talvez tenha sido sequestrado por dinheiro, não sei.

RV – A oração que tem no coração...

Pe. ThomasEncontrar o sacerdote que foi sequestrado ou que talvez está se escondendo em algum lugar e levá-lo para fora do Iêmen. Essa é a nossa preocupação e o nosso desejo. Rezamos por isso.

RV – Pensando a padre Tom, qual é a característica da sua personalidade, do seu empenho?

Pe. ThomasEsse sacerdote salesiano é um homem santo. Ele era o único sacerdote naquela parte do Iêmen, em Áden. Ajudava as irmãs, celebrava a missa, se preocupava com quem havia necessidades. Celebrava a missa para as famílias indianas e católicas. Era responsável também de outras três igrejas que foram fechadas durante a guerra. Nessas igrejas não são celebradas cerimônias litúrgicas. Em Áden, o sacerdote morava no campo das irmãs, onde tem o centro para os idosos, ajudava como diretor espiritual. É um homem santo: isso é o que ouvi das irmãs, mas também o conheci porque trabalhava na nossa missão. Eu o vi aqui mais de uma vez, somos do mesmo país e da mesma diocese. Vem da Índia, de Kerala, da diocese de Palai. Ele, no entanto, é salesiano, enquanto eu sou capuchinho. (AC)








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