Editorial: Rádio Vaticano: uma antiga nova missão


Cidade do Vaticano (RV) – No início desta semana, mais precisamente na segunda-feira, tivemos um momento muito nostálgico no seio da nossa emissora, a Rádio Vaticano. Deixaram os cargos que ocupavam na “Rádio do Papa”, Padre Federico Lombardi e Dr. Alberto Gasbarri, respectivamente, Diretor Geral e Diretor Administrativo (Dr. Gasbarri era também o organizador das viagens pontifícias). Duas pessoas que partilharam suas vidas conosco nos últimos 47 anos, no caso Dr. Gasbarri e 25 anos, Padre Lombardi.

A semana começou nas mais de 40 redações linguísticas que formam a Rádio Vaticano, com um “quê” de tristeza pela aposentadoria de Gasbarri e pela conclusão dos trabalhos do Padre Lombardi na nossa emissora (Padre Lombardi continua ainda como Diretor da Sala de Imprensa da Santa Sé). Alguém já disse: “não vamos ter mais os passos lentos de Padre Lombardi pelos nossos corredores”, como também não vamos ter o “otimismo inveterado” de Gasbarri. O que nos deixa triste com a partida desses nossos dois dirigentes, colegas e amigos, não é só o fato de perdermos dois pontos de referência dentro desta grande estrutura, mas é de perdermos dois “amigos” da redação brasileira, que sempre nos ajudaram e nos incentivaram no nosso trabalho.

Creio que todos já sabem, foi criada a Secretaria para a Comunicação Social dirigida por Mons. Dario Viganó, que vai unir todos os meios de comunicação do Vaticano: Rádio, Centro Televisivo, L’Osservatore Romano, Livraria, Tipografia, Departamento fotográfico, Internet, Sala de Imprensa e o já não mais existente Pontifício Conselho para a Comunicação. Fazemos agora parte de uma família que cresceu de modo impressionante. Somos mais de 620 pessoas, - entre jornalistas, técnicos e pessoal administrativo -, que prestamos serviço em todos esses meios de comunicação.

Diante da necessidade de uma maior eficácia e contenção de despesas, estamos passando por uma reforma, uma reestruturação nos meios de comunicação vaticanos. Diante da grande evolução que o mundo atual registra no âmbito comunicativo, também a Santa Sé deve evoluir nos seus instrumentos de comunicação e é por isso que a reforma é necessária “e deve ser realizada com coragem, com consciência e apreço pela nova cultura e novas tecnologias que a caracterizam”, disse Padre Lombardi.

Neste grande universo midiático a Rádio Vaticano fez nos últimos anos um grande esforço para entrar no mundo da comunicação digital e da multimídia. Nós do Programa Brasileiro, além da produção de programas em áudio e textos, desenvolvemos uma maior interação com o mundo do vídeo, produzindo matérias sobre o Papa também com imagens. Assim entramos a fazer parte e a ter uma maior presença na “rede”, passando da comunicação unidirecional para a interação.

Com esse advento a Rádio Vaticano não é somente uma rádio no sentido estreito do termo, mas um centro importante de produção de informações e aprofundamentos multilinguista e multicultural que difunde o seu serviço com as tecnologias e formas apropriadas para alcançar o público em várias partes do mundo. A Rádio do Papa fala hoje em 40 línguas e em 15 diferentes alfabetos. Hoje o nome Rádio Vaticano é muito mais do que transmissões de áudio ou informações. Basta olhar o nosso site para entender.

As mudanças que hoje estão sendo realizadas nos instrumentos de comunicação do Vaticano dizem respeito a uma maior eficiência nas atividades, misturada com uma racionalização nas despesas; ninguém perderá o seu posto de trabalho mas deverá se adaptar à nova realidade e às novas exigências.

As novas tecnologias da comunicação abriram espaços muito importantes, hoje vitais e preponderantes, aos quais é preciso absolutamente reorientar muitos recursos. Mas – como disse Padre Lombardi - no DNA da Rádio Vaticano e de sua missão desde as origens e depois em particular no tempo da Igreja oprimida por totalitarismos, sobretudo comunistas, houve sempre o serviço dos cristãos oprimidos, dos pobres, das minorias em dificuldade, mais do que a sujeição absoluta ao imperativo da maximização da audiência.

A Rádio Vaticano – segundo o substituto dos Assuntos Gerais da Secretaria de Estado, Dom Giovanni Angelo Becciu - ,  “não é uma rádio grande e potente, segundo os critérios do mundo, mas é importante aos olhos de Deus e de tantos fiéis”, porque “olha as coisas” segundo a ótica do Papa.

Num momento de transformação como o atual, “se prospectam para a Rádio Vaticano novas esperanças e novas tarefas – acrescentou o arcebispo –, a finalidade específica, porém, permanece a mesma: a evangelização, mediante a difusão radiofônica da mensagem cristã”.

Um grande desafio se apresenta à nossa porta: manter no centro da nossa atenção e da mídia, a mensagem do Evangelho, o valor dos pobres, em um combate incessante contra a cultura do descarte neste mundo novo da nova comunicação. Uma antiga nova missão.

Muito obrigado a Padre Lombardi por sua presença constante na vida da nossa redação e a Dr. Gasbarri, pelo incentivo, que nunca nos faltou. À nova Secretaria de Comunicação votos de um grande trabalho nesta nova missão. (Silvonei José)








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