Cardeal Turkson: caridade e educação para combater racismo


Cidade do Vaticano (RV) - Verdade, inclusão e reconciliação: assim se derrota o racismo. Essa é, em síntese, a mensagem enviada pelo presidente do Pontifício Conselho da Justiça e da Paz, Cardeal Peter Turkson, para a conferência “Negro e branco nos EUA”, programada para esta quinta e sexta-feira em Birmingham, no Alabama, EUA.

O racismo torna as pessoas invisíveis

“Onde quer que exista uma minoria perseguida e marginalizada por causa da sua etnia, o bem-estar de toda a sociedade é prejudicado”: a mensagem do purpurado ganense se abre com uma citação do Papa Francisco e é propriamente “em nome do Pontífice” que o presidente de Justiça e Paz condena “o mal do racismo no mundo contemporâneo”.

Em seguida, seu olhar dirige-se à cultura africana e afirma: o povo Zulu, para cumprimentar, diz “Sawubona”, que significa “Estou vendo você”. Ao invés, o racismo faz exatamente o contrário, explica o purpurado, porque “torna as pessoas invisíveis, nega-lhes a dignidade e provoca a perda de identidade, o desespero, a desconfiança social e política”.

Reatar e preservar os laços de reciprocidade e irmandade

Sobretudo, “o racismo exclui suas vítimas dos recursos para as necessidades primárias”, como a moradia, a educação, o trabalho e a assistência aos anciãos, ressalta o Cardeal Turkson.

“Trata-se de barreiras não imaginárias, mas até por demais reais, e as enormes injustiças e sofrimentos que elas provocam devem ser abatidas e superadas”, reitera.

Recordando a herança trágica que a escravidão deixou nos EUA, o purpurado exorta “todos os povos a reatar e a preservar os laços fundamentais da reciprocidade e da irmandade”, porque “a cura do racismo tem início no coração”. O exame de consciência torna-se então central, vez que “reconhecer a própria incapacidade de ver o outro como um ser humano significa começar a combater o racismo inconsciente”, explica ele.

A importância da caridade e da educação

Mas o que realmente nos ajuda a ver o outro? O Cardeal Turkson indica dois caminhos: o primeiro é o do amor, da caridade capaz de reconduzir “os marginalizados e os excluídos para dentro do circuito da atenção humana”.

O segundo caminho é o da educação, que “desempenha um papel fundamental”, porque “as crianças são capazes de aceitar imediatamente as diferenças”.

Por isso, o presidente de Justiça e Paz lança um apelo: “A demolição eficaz do racismo deve começar agora” olhando para o princípio fundamental e essencial segundo o qual “cada um de nós é criado à imagem e semelhança de Deus”.

Estender as oportunidades para todas as pessoas negras

“Uma análoga conversão interior deverá depois estender-se às leis, à política, à educação, ao sistema de saúde, ao trabalho e ao contexto habitacional”, a fim de que “a cura interior e exterior” da sociedade torne-se “contenção para a onda crescente de desespero juvenil”, acrescenta.

Em particular, o purpurado ressalta que “é chegado o momento de estender as oportunidades para todas as pessoas negras que, durante gerações, ”foram vítimas do racismo.

Promover cultura do encontro e do respeito recíproco

Em seguida, citando novamente o Papa Francisco e seu convite a “reforçar a convicção de que somos todos uma única família humana”, o purpurado sugere quatro linhas-guias a serem desenvolvidas durante a conferência sobre o racismo:

Refletir seriamente sobre o que a fé católica diz sobre o racismo, rezando pelo perdão e a reconciliação; compreender como as atitudes racistas levam à pobreza e à violação sistemática dos direitos humanos fundamentais; trabalhar pela superação das barreiras pessoais e sistemáticas que impedem ver no outro um irmão criado à imagem e semelhança de Deus.

Por fim, multiplicar os esforços para promover a cultura do encontro, do respeito, da compreensão e do perdão recíproco. (RL)








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