Duplo Jubileu na Hungria, pelo XVII centenário do nascimento de São Martinho de Tours


Cidade do Vaticano (RV) – A Hungria vive em 2016 um Jubileu duplo. Ao do Extraordinário da Misericórdia, convocado pelo Papa Francisco, soma-se aquele pelo XVII centenário do nascimento de São Martinho. Foi, de fato, no território da atual Hungria que em 316 nasceu Martinho, talvez um dos Santos mais conhecidos no mundo, também graças ao famoso episódio da partilha do próprio manto com um pobre mendigo. Martinho é considerado o Santo por excelência da caridade e das obras de misericórdia, algumas das quais o ligam de forma inexorável à sua terra natal, a Pannonia. E isto o torna um Santo muito atual, em função do Jubileu desejado pelo Papa Francisco. Um dos símbolos mais eloquentes desta feliz coincidência dos dois Jubileus é representado pela nova porta de bronze da Catedral de Szombathely, construída para o aniversário e logo inaugurada como Porta Santa diocesana do Jubileu. As seis figuras que a ornamentam, obra do artista Gábor Veres, nos apresentam os episódios mais significativos da vida de Martinho.

O primeiro relevo, no alto, à esquerda, representa por exemplo o nascimento do Santo, “originário de Sabaria, cidade da Pannonia” (Sulpicio Severo, Vida de Martinho). A então capital da administração civil da Província de Pannonia Prima, é a atual Szombathely, na Hungria Ocidental, sede episcopal desde 1777. É a única cidade em toda a Hungria, onde a fé cristã se manteve de modo ininterrupto. Isto é devido, em grande parte, precisamente a Martinho. De fato, o lugar de nascimento do Santo não foi esquecido pelos cristãos, nem mesmo nos séculos obscuros das invasões, tanto que Carlos Magno, em 791, quis visitá-la em homenagem ao Santo Padroeiro dos francos.

O primeiro Rei da Hungria, Santo Estêvão, também escolheu como primeiro Padroeiro de seu reino o soldado originário. Atribuiu, de fato, à proteção de Martinho a vitória que consolidou o seu poder e, com isto, o florescer do cristianismo no Hungria. O Rei Estêvão concedeu notáveis posses e privilégios ao Mosteiro dos Beneditinos, dedicado precisamente a São Martinho, construído sobre o Monte Sagrado da Pannonia, chamado hoje Pannonhalma.

Por ocasião da dupla celebração jubilar, a Diocese de Szombathely e a Arquiabadia de São Martinho de Pannonhalma, promovem diversas iniciativas espirituais, culturais e caritativas. Entre estas, são dignas de nota a peregrinação da relíquia do Santo na Diocese de Szombathely e de Pannonhalma, a celebração jubilar nos dias 9 e 10 de junho próximo a Szombathely, as Jornadas Sociais Católicas em Budapeste e a mostra “São Martinho e a Pannonia”, a ser organizada entre Szombathely e Pannonhalma sobre história, a cultura e a arte das comunidades cristãs da antiga Pannonia.

Como sinal do comum apreço pelos valores herdados de Martinho, também o Governo húngaro quis apoiar os programas jubilares e a restauração das Igrejas dedicadas ao Santo, entre os quais, aqueles realizados no lugar de nascimento, em Szombathely.

Também não deve ser esquecido que a Conferência Episcopal húngara convocou o Ano de São Martinho e, na Carta Pastoral publicada em 1º de novembro passado, indicou o Santo como “imagem de Cristo que vive na história, exemplo de como o Evangelho se realiza na própria época”. São Martinho - prossegue o documento - “combateu pela liberdade da Igreja e pela pureza do magistério, viveu a pobreza também como bispo, porém se empenhou de forma resoluta na defesa da verdadeira fé e da sua Igreja, se necessário também em relação aos confrades bispos e os responsáveis pela política”. E, portanto, “em vista das dificuldades sociais de hoje podemos apresentá-lo a muitos como exemplo de amor pelo próximo e o fautor eficaz da paz. O seu exemplo de vida atrai também os não crentes. Se para enfrentar a pobreza a nível mundial é necessário um complexo plano econômico, é da mesma forma evidente que exista tanta necessidade também da beneficência individual, da caridade pessoal, das obras de misericórdia corporal e espiritual”.

Em homenagem a tudo isto, a Diocese de Szombathely escolheu “A caridade exultante” como lema para o Ano Jubilar. Dividindo, de fato, o seu manto com o pobre, Martinho também a exaltou. É esta a ajuda da qual hoje temos tanta necessidade.

Dom András Veres

Bispo de Szombathely e Presidente da Conferência Episcopal da Hungria








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